O "superjuiz" que mandou deter o ex-banqueiro

Chamam-lhe "superjuiz". E a razão é simples: nos últimos anos, os chamados crimes de "colarinho branco" que maior notoriedade pública registaram contam com intervenções do juiz Carlos Alexandre. É este o homem que, na quinta-feira, mandou deter e interrogou o antigo presidente do BES, no âmbito do processo conhecido por Monte Branco.
João Maltez 24 de Julho de 2014 às 23:30

Como magistrado judicial responsável pelo Tribunal Central de Investigação Criminal, Carlos Alexandre está associado a casos de grande impacto público, como o já referido Monte Branco, mas também as operações Furacão, Portucale, Face Oculta, BPN ou Remédio Santo.

PUB

No mundo da advocacia, há quem o admire, mas também quem o odeie. Alguns dos actores da Justiça que lidam ou já lideraram com Carlos Alexandre chamam-lhe "Mourinho da Justiça", por causa da sua obstinação. Há porém quem prefira, de forma pejorativa, designá-lo como o "Garzón português", acusando-o de gostar de protagonismo.

O juiz espanhol Baltazar Garzón, conhecido mundialmente pelo arrojo em desafiar os mais poderosos, teve também a seu cargo a responsabilidade de conduzir processos relacionados com crimes de "colarinho branco" mediatizados no país vizinho.

PUB

No caso do "superjuiz" foram também intervenções em processos relevantes de criminalidade económica e financeira as causas directas do protagonismo que alcançou. Ele que se iniciou no mundo da Justiça, depois de completar a licenciatura na Faculdade de Direito de Lisboa, na Polícia Judiciária Militar.

Carlos Alexandre optou, contudo, por seguir a carreira da magistratura judicial, desempenhando funções, nomeadamente, na comarca de Sintra. Chegou ao Tribunal Central de Investigação Criminal, o conhecido "Ticão", em 2004. Era então titular a juíza Fátima Mata-Mouros. Dois anos depois passou a responsável máximo daquele tribunal.

PUB

Sportinguista assumido, Carlos Alexandre é também um católico devoto que gosta de regressar às origens. Participa habitualmente nas comemorações da Páscoa em Mação, a localidade da Beira Baixa onde nasceu há 52 anos.

Pese embora o acusem de procurar protagonismo, a verdade é que foram raras as vezes em que se expôs na comunicação social. Indirectamente, através de um conterrâneo, o antigo assessor do Partido Socialista António Colaço, foi possível ver, há dois anos, no blogue Ânimo, Carlos Alexandre na celebração pascal de Mação. Mais do que o lado do devoto, ganharam força as afirmações do magistrado judicial, então transcritas no "Diário de Notícias".

PUB

"No contexto de uma diligência em que se procurava tomar contacto com documentação, foi-nos dito por uma pessoa com importância na praça que estava ali a mando de alguém para acompanhar aquele acto, porque quando o dinheiro falava, a verdade calava. Comigo a verdade falará sempre mais alto", sentenciou o juiz.

Saber mais sobre...
Saber mais Carlos Alexandre BES Monte Branco
Pub
Pub
Pub