Marcelo adia questão da PGR mas lembra que tem a última palavra
Em declarações à SIC, o Presidente da República defendeu que, para já, a questão relacionada com a continuação de Joana Marques Vidal à frente da PGR é um "tema que não existe". Mas Marcelo vai avisando que constitucionalmente cabe ao Presidente a última palavra sobre o assunto.
Depois de fontes da presidência terem salientado ao Expresso que o Presidente da República considerou inapropriado o timing escolhido pela ministra da Justiça para defender que Joana Marques Vidal não deve continuar como Procuradora Geral da República a partir de Outubro - mês em que termina o mandato com a duração de seis anos -, Marcelo Rebelo de Sousa disse à SIC que, para já, este é um não tema e lembrou que cabe a Belém uma decisão final sobre a questão.
"Até ao momento em que tiver de exercer o meu poder constitucional, o tema não existe", declarou Marcelo Rebelo de Sousa à estação de Carnaxide. Desta afirmação decorrem duas leituras: em primeiro lugar o Presidente considera extemporâneo tratar esta questão nesta altura; por outro lado, Marcelo lembra que constitucionalmente é ele quem tem a última palavra sobre o tema, uma vez que é o Presidente que tem de nomear o Procurador Geral da República após proposta do Governo.
Esta declaração de Marcelo surge depois de, na noite de terça-feira, o Expresso ter citado fonte presidencial que referia que "o Presidente da República não comenta entrevistas da ministra da Justiça". Ficando assim o chefe de Estado na expectativa de explicações do primeiro-ministro sobre a matéria. No entanto, o Expresso fazia referência ao mal-estar em Belém decorrente da avaliação favorável que Marcelo faz ao desempenho de Marques Vidal à frente do Ministério Público e do facto de o Governo ter feito comentários sobre uma questão que deve ser concertada entre o Presidente e São Bento.
Entretanto, em nota publicada no site da presidência da República, Marcelo reiterou que só se pronunciará sobre este tema "no momento em que ocorrer tal designação".
A polémica estalou depois de uma entrevista da ministra da Justiça à TSF, ontem divulgada. Francisca Van Dunem defendeu que Marques Vidal não deverá ser reconduzida à frente da PGR dizendo que "a Constituição da República prevê um mandato longo e um mandato único. Penso que, historicamente, foi a ideia que esteve subjacente à criação do mandato". Já durante a tarde, no decurso do debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa desautorizou as declarações de Van Dunem notando que a ministra expressou uma opinião "jurídica pessoal" e defendendo que trazer neste momento este debate para a agenda mediática "não fortalece" o trabalho de Joana Marques Vidal. Ainda assim, Costa disse concordar com Van Dunem na interpretação de que o mandato da PGR não é renovável, embora tenha adiado uma decisão sobre o tema para depois de uma conversa com o Presidente da República.
Já durante a tarde, no decurso do debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa desautorizou as declarações de Van Dunem notando que a ministra expressou uma opinião "jurídica pessoal" e defendendo que trazer neste momento este debate para a agenda mediática "não fortalece" o trabalho de Joana Marques Vidal. Ainda assim, Costa disse concordar com Van Dunem na interpretação de que o mandato da PGR não é renovável, embora tenha adiado uma decisão sobre o tema para depois de uma conversa com o Presidente da República.
Assim sendo, a decisão sobre a permanência de Marques Vidal como PGR pertence à esfera política, neste caso ao Governo e ao Presidente. Em 2016, Joana Marques Vidal defendeu que o mandato é de seis anos e que tem uma "duração única". A actual PGR tomou posse em 2012 e em Outubro completa os seis anos na chefia do Ministério Público. Desde a alteração feita em 1997, nenhum PGR foi reconduzido. Depois dos 16 anos de Cunha Rodrigues como PGR, José Souto de Moura (2000-2006) e Pinto Monteiro (2006-2012) cumpriram um mandato cada.
Assim sendo, a decisão sobre a permanência de Marques Vidal como PGR pertence à esfera política, neste caso ao Governo e ao Presidente. Em 2016, Joana Marques Vidal defendeu que o mandato é de seis anos e que tem uma "duração única". A actual PGR tomou posse em 2012 e em Outubro completa os seis anos na chefia do Ministério Público. Desde a alteração feita em 1997, nenhum PGR foi reconduzido. Depois dos 16 anos de Cunha Rodrigues como PGR, José Souto de Moura (2000-2006) e Pinto Monteiro (2006-2012) cumpriram um mandato cada.
Na próxima sexta-feira, Marcelo vai discursar na abertura do ano judicial.
(Notícia actualizada pela última vez às 18:45 com nota publicada no site da presidência)
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