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Depois da hiper-inflação, o Zimbabué enfrenta uma queda acentuada dos preços

O Zimbabué decidiu retirar a sua moeda de circulação para travar uma inflação brutal. Agora, enfrenta uma queda nos preços que esmaga as empresas locais aumenta o desemprego.

Bloomberg
02 de Setembro de 2015 às 15:30

Em Junho, o país liderado por Robert Mugabe enterrou definitivamente o dólar do Zimbabué, uma moeda que se mantinha em circulação mas apenas de forma residual, isto porque em 2009 o país decidiu começar usar divisas estrangeiras, entre as quais o dólar norte-americano ou o rand sul-africano. Essa decisão ajudou a travar uma inflação gigantesca – para se ter uma ideia, os preços subiam duas vezes por dia. O problema é que, com o dólar americano, aconteceu o contrário e os preços estão a cair sucessivamente, escreve a Bloomberg.

Quando o banco central do Zimbabué decidiu retirar oficialmente de circulação o dólar do país, fixou uma taxa de câmbio incrível: um dólar americano valia 35 triliões de dólares locais. Isso significa que quem quisesse trocar dinheiro anterior a 2009 por cinco dólares americanos teria de apresentar 175 triliões de dólares zimbabueanos (isso mesmo: 175.000.000.000.000.000 de dólares). Devido à inflação, a maior nota do Zimbabué era de 100 biliões de dólares e os habitantes tinham que levar sacos de notas para ir comprar produtos como pão ou leite.

O FMI estima que os preços tenham crescido, em média, 500 mil milhões por cento no pico da inflação, em 2008.

Ao abandonar a moeda local, o Zimbabué conseguiu travar a escalada dos preços mas com isso perdeu uma arma importante: a possibilidade de imprimir dinheiro. Ao adoptar o dólar americano, Harare tornou as importações muito mais baratas e com isso prejudicou a competitividade das empresas locais.

De acordo com números avançados pela Bloomberg, os preços têm estado a cair desde Março de 2014 e, em Julho, recuaram 2,8% face ao período homólogo. Nas zonas industriais de Harare já começa a ser regra encontrar edifícios abandonados junto à estrada, e na segunda maior cidade, Bulawayo, as empresas deparam-se ainda com problemas no abastecimento de água.

Maioria da capacidade produtiva do Zimbabué está abandonada

Só 39% da capacidade produtiva do país é que está a ser utilizada, de acordo com a confederação patronal do Zimbabué, e a população que tem emprego está a enfrentar cortes salariais. Isto porque a deflação limita as vendas – porque os consumidores deixam de comprar porque acreditam que os preços ainda vão baixar mais. Com margens mais reduzidas, as empresas deixam de contratar pessoal e de investir, e baixam salários ou são forçadas a despedir.

Robert Mugabe, de 91 anos, reeleito presidente deste país africano em 2013, tem culpado a seca pelas dificuldades económicas que o país atravessa. Mas de acordo com um analista da NKC African Economics, o problema não é esse. "Os custos de produção local são demasiado altos, pelo que não há maneira de competir com as importações", disse Christie Viljoen à Bloomberg. "Não há maneira de estar optimista quanto ao fim desta espiral negativa nos próximos tempos".

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