Testamento de Armani nomeia LVMH e L'Oréal como compradores preferenciais do seu império da moda
O testamento de Giorgio Armani foi revelado esta sexta-feira. O estilista instruiu os seus herdeiros a venderem, no prazo de 18 meses, uma participação inicial de 15% no grupo italiano a um dos três principais rivais: LVMH, L'Oréal ou Luxottica - ou a uma empresa de posição semelhante a estas.
O testamento deixado por Giorgio Armani, que faleceu no passado dia 4 de setembro aos 91 anos, nomeia a LVMH, a Luxottica e a L'Oréal como compradores preferenciais do seu império da moda, dando início a uma competição pelo controlo da maior empresa não cotada de artigos de luxo do mundo.
Segundo o jornal britânico Financial Times, o renomado estilista instruiu os seus herdeiros, incluindo o seu “braço direito” Leo Dell'Orco e membros da família, a vender uma participação inicial de 15% no grupo italiano a um dos seus três principais rivais acima descritos, ou a uma empresa de posição semelhante no prazo de 18 meses. O documento acrescenta que, após três anos, o comprador poderá então aumentar a sua participação para passar a deter uma maioria do capital da gigante da moda.
O estilista era o único acionista do grupo, que inclui as marcas Emporio Armani, Armani Exchange e a marca de luxo Armani Privé, bem como hotéis, restaurantes e uma lucrativa linha de produtos de beleza, que Armani liderou até à sua morte.
Caso a venda não seja concretizada, os herdeiros deverão optar por uma cotação da empresa em bolsa, segundo o testamento.
"A Armani apresenta uma oportunidade rara", afirmaram analistas da Berenberg numa nota citada pela Bloomberg. Estes especialistas estimam que a empresa italiana valerá entre 5 mil milhões e 7 mil milhões de euros. E a possível fusão com outra das empresas do setor enumeradas acima poderá criar um novo “gigante” entre as marcas de artigos de luxo.
A Giorgio Armani tem parcerias de longa data com as francesas EssilorLuxottica e L'Oreal, sendo que o fundador da gigante italiana era próximo do presidente da LVMH, Bernard Arnault, com quem chegou a discutir uma possível aliança.
O plano de vender a empresa surge num momento desafiante para as marcas de luxo. As tarifas e a incerteza geopolítica têm pesado sobre a confiança dos consumidores, com o abrandamento deste mercado na Ásia e, em particular, na China, a pesar sobre a atividade de empresas do setor.
Embora Armani tenha conseguido manter o controlo sobre a sua empresa até ao fim, as receitas do grupo tiveram dificuldades em crescer, mantendo-se estáveis em cerca de 2,4 mil milhões de euros no ano passado.
Leo Dell'Orco, que era sócio de Armani e dirige o departamento de design masculino, terá um papel importante na decisão do futuro do grupo. De acordo com o testamento, o "braço direito" de Armani recebeu 30% das ações da empresa e 40% dos direitos de voto. Armani não tinha filhos, e os seus outros herdeiros incluem os seus sobrinhos e irmã.
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