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Trégua à vista? EUA falam de "progressos substanciais" nas negociações com a China

Não se conhecem números, mas os EUA garantem que as negociações comerciais com a China deram frutos. Além de se esperar uma descida das tarifas de e para a China, Washington garante ainda que, nos próximos meses, o mundo verá "acordo comercial atrás de acordo comercial".

AP
11 de Maio de 2025 às 18:11

Os detalhes ficam para segunda-feira, mas no domingo o tom era otimista. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, garantiu que as negociações com a China, que decorreram na Suíça durante o fim de semana, conseguiram "progressos substanciais".

"Tenho o prazer de informar que conseguimos progressos substanciais entre os EUA e a China nas muito importantes negociações comerciais", disse Bessent, em declarações aos jornalistas. O secretário do Tesouro norte-americano indicou que já informou o Presidente Donald Trump deste avanço e esclareceu que será organizado um "briefing" completo na segunda-feira.

A relação entre Pequim e Washington tem vindo a azedar desde que Donald Trump anunciou pesadas tarifas contra a segunda economia do mundo, no início de abril, tarifas essas que sofreram vários aumentos dos dois lados - neste momento os EUA impõem taxas aduaneiras de 145% aos produtos chineses e a China aplica tarifas de 125% às importações norte-americanas.

Com as duas partes a reconhecerem a insustentabilidade deste cenário a longo prazo, delegações dos dois países encontraram-se em Genebra para tentarem chegar a um acordo que ponha cobro à guerra comercial. Em Genebra, Scott Bessent encontrou-se com uma equipa liderada pelo vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng. O encontro aconteceu na residência do embaixador da Suíça para as Nações Unidas.

Poucos pormenores foram dados, mas ao fim de várias horas de reuniões, Jamieson Greer, representante para o Comércio dos EUA, que também participou nas conversações, indicou que as diferenças entre os dois países não são tão grandes como era esperado, avança a Bloomberg. O conselheiro económico Kevin Hassett disse ainda - citado pela Reuters - que os chineses estavam "muito, muito desejosos" de iniciar as negociações e reequilibrar as relações comerciais com os EUA. À Fox News Hassett adiantou que mais acordos comerciais com outros países poderão ser fechados na próxima semana - depois de o primeiro, com o Reino Unido, ter sido anunciado na semana passada.

O comentário de Hassett alinha pelo mesmo tom do do secretário do Comércio, Howard Lutnick, que afirmou que "nos próximos três meses esta política vai gerar acordo comercial atrás de acordo comercial".

Na sexta-feira, através da sua rede social Truth Social, Donald Trump já admitia descer as tarifas sobre as importações chinesas, de 145% para 80%. 

Reunião "sincera, profunda e construtiva"

Só ao final do dia é que a China veio relatar o saldo destes encontros, indicando que foi criado um "mecanismo de consultas comerciais e económicas" para solucionar a guerra tarifária.

O vice-primeiro-ministro He Lifeng, principal negociador de Pequim nas conversações, manteve uma reunião "sincera, profunda e construtiva" com o secretário Scott Bessent, para resolver as suas divergências, segundo indicou o governo chinês.

No final, He anunciou num comunicado que "ambas as partes chegaram a um acordo sobre a criação de um mecanismo de consulta económica e comercial entre a China e os Estados Unidos e realização mais consultas sobre questões de interesse mútuo", segundo a agência oficial de notícias chinesa, Xinhua.

No sábado, Pequim frisava, também através da Xinhua, que estas negociações decorreram a pedido dos EUA. Num longo artigo, Pequim descreve-se como a potência pró abertura e globalização, contra o protecionismo e fechamento de Washington, que está a causar volatilidade nos mercados e a colocar o mundo à beira de uma recessão

"No fundo, não se trata apenas de um conflito comercial - é um confronto entre duas visões fundamentalmente diferentes nesta era de globalização económica: uma enraizada na abertura, na cooperação e no crescimento partilhado; a outra impulsionada pelo confronto, pela exclusão e pela mentalidade de soma zero", pode ler-se.

"Quer o caminho envolva negociações ou confrontos, uma coisa é clara: a determinação da China em salvaguardar os seus interesses de desenvolvimento é inabalável e a sua posição em relação à manutenção da ordem económica e comercial global permanece inabalável", diz ainda.

*Notícia atualizada com a reação de Pequim

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