Trump para Pequim: ou ajudam na Coreia do Norte ou não terão bom acordo comercial
Em dois tweets publicados de seguida, Donald Trump deixou vários avisos à China. Primeiro disse que se Pequim ajudar à resolução do problema na Coreia do Norte terá um acordo comercial "bem melhor" com os EUA. E se não ajudar, "resolveremos o problema sem eles", o que prenuncia uma eventual acção unilateral contra Pyongyang.
Sabe-se pouco do que aconteceu e de como decorreu a cimeira bilateral entre Donald Trump e Xi Jinping, na casa de férias do presidente americano em Mar-a-Lago, Flórida. Mas claramente a questão relacionada com a Coreia do Norte não ficou resolvida entre os presidentes das duas maiores potências económicas e militares do mundo.
Através da rede Twitter, Trump diz ter explicado a Jinping, o presidente chinês, que Pequim terá um acordo comercial com os Estados Unidos "bem melhor" se a China ajudar a "resolver o problema na Coreia do Norte".
I explained to the President of China that a trade deal with the U.S. will be far better for them if they solve the North Korean problem!
Num tweet publicado logo depois, o presidente americano sustenta que "a Coreia do Norte está a procura de problemas" e avisa que se a China decidir não contribuir na resolução desta questão, então "resolveremos o problema sem eles".
North Korea is looking for trouble. If China decides to help, that would be great. If not, we will solve the problem without them! U.S.A.
Sendo difícil medir o real alcance destas declarações, aparentemente Trump põe em cima da mesa duas possibilidades, qualquer uma delas de impacto desconhecido: a primeira por uma espécie de retaliação comercial de Washington contra Pequim, o que poderia abrir a porta a um género de guerra comercial entre os dois países; e a segunda configura uma eventual resposta militar dos EUA contra o regime liderado por Kim Jong-un.
No último sábado, um dia depois do final da cimeira entre Trump e Jinping, o porta-aviões USS Carl Vinson teve ordens para alterar a rota e encaminhar-se para a península coreana, uma acção que representa uma mensagem para dois destinatários: Coreia do Norte e China, velhos aliados desde a Guerra da Coreia dos anos 1950, em que as forças chinesas apoiaram a Coreia do Norte na guerra contra a Coreia do Sul, por sua vez apoiada pelos Estados Unidos.
Mas a China terá sido mesmo o principal destinatário desta mensagem, com os Estados Unidos a demonstrarem disponibilidade para recorrer à força militar em resposta ao continuado desenvolvimento de armamento nuclear pelo regime ditatorial da Coreia do Norte. Até porque o recém-nomeado conselheiro para a Segurança Nacional de Trump, Herbert McMaster, justificou esta decisão com a necessidade de responder ao "comportamento provocatório" de Pyongyang, acrescentando que o presidente americano solicitou ao Pentágono a apresentação de um "conjunto amplo de opções para acabar com a ameaça" que representa o regime da Coreia do Norte para o povo americano e também para os aliados de Washington naquela região, desde logo a Coreia do Sul. Coreia do Norte preparada para qualquer tipo de guerra
Coreia do Norte preparada para qualquer tipo de guerra
A Coreia do Norte não se ficou e já respondeu, alertando para as "consequências catastróficas" que poderão resultar das "acções ultrajantes" norte-americanas, segundo declarações atribuídas a um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país e citadas pela agência noticiosa estatal KCNA.
A Coreia do Norte "está pronta para reagir a qualquer tipo de guerra promovida pelos Estados Unidos", cita ainda a KNCA. De acordo com esta agência, o regime norte-coreano sustenta que "a prevalecente situação grave prova, uma vez mais, que a decisão [da Coreia do Norte] de aumentar em todos os sectores as suas capacidades militares, com a força nuclear como eixo, para ataques de autodefesa e preventivos".
Desde a tomada de posse como presidente dos Estados Unidos, Trump tem falado na importância de Pequim ter uma acção decisiva por forma a dissuadir Pyongyang dos intentos nucleares. Se é verdade que a China condenou com firmeza o alegado ensaio com uma bomba de hidrogénio realizado pela Coreia do Norte em Janeiro do ano passado, não é menos verdade que desde então pouco foi feito em concreto para diminuir a capacidade nuclear do regime norte-coreano. Ainda assim, esta segunda-feira a China e a Coreia do Sul acordaram reforçar as sanções aplicadas à Coreia do Norte se Pyongyang persistir em realizar novos ensaios nucleares. (Notícia actualizada às 14:29 com reacção da Coreia do Norte)
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