Países mais endividados podem enfrentar reacção negativa dos mercados

O banco central avisa que a deterioração do crescimento ou o relaxamento da política orçamental nos países mais endividados pode ter efeitos negativos no sentimento dos mercados.
Países mais endividados podem enfrentar reacção negativa dos mercados
Rita Faria 24 de Maio de 2018 às 11:17

No seu relatório de estabilidade financeira, o Banco Central Europeu (BCE) considera que o risco sistémico para a Zona Euro permaneceu baixo nos últimos meses e que a dívida soberana se tornou mais resiliente, ajudando a manter os custos de financiamento baixos para alguns países.

No entanto, a autoridade monetária alerta que a "deterioração do ambiente de crescimento ou o relaxamento da política orçamental nos países mais endividados poderá ter impacto nas perspectivas orçamentais e, consequentemente, no sentimento do mercado em relação a alguns países do euro".

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O alerta do banco central surge numa altura em que duas forças anti-sistema se prepararam para constituir um governo de coligação em Itália, a terceira maior economia do euro, que é também uma das mais endividadas da região.

O aviso alarga-se também a Portugal, que é incluído pelo BCE na lista de países que estão em risco de não cumprir os esforços orçamentais estruturais previstos nas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento.

"A orientação orçamental subjacente na Zona Euro deverá permanecer globalmente neutra em 2018-19, mas espera-se que vários países afrouxem ligeiramente as políticas", refere o BCE, no relatório de estabilidade financeira.

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"Na verdade, espera-se uma deterioração dos saldos estruturais na maioria dos países do euro que foram mais afectados pela crise. Vários países altamente endividados correm o risco de não cumprirem os esforços orçamentais estruturais previstos nas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (por exemplo Bélgica, França, Itália e Portugal)", concretiza a autoridade liderada por Mario Draghi.

O BCE refere ainda que as reformas estruturais também perderam força, sendo ainda necessário alcançar uma composição das finanças públicas mais amiga do crescimento em toda a Zona Euro.

Vulnerabilidades nos mercados financeiros estão a crescer, avisa o BCE

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Apesar de o risco sistémico ter permanecido baixo nos últimos meses, o BCE alerta que as vulnerabilidades estão a aumentar nos mercados financeiros globais, o que requer atenção.

"Um aumento da volatilidade nas acções dos EUA no início de Fevereiro destacou o frágil sentimento do mercado.

Prémios de risco estreitos e sinais de aumento da tomada de risco na maioria dos mercados financeiros globais exigem atenção especial", sublinha o banco central.

Prémios de risco estreitos e sinais de aumento da tomada de risco na maioria dos mercados financeiros globais exigem atenção especial", sublinha o banco central.

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Sobre os bancos, o BCE refere que a rentabilidade melhorou graças à situação cíclica mais favorável, ainda que permaneça baixa, reflectindo "desafios estruturais persistentes".

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