O que disseram sindicatos e patrões ao Presidente da República
As eleições legislativas foram a 4 de Outubro. Contudo, o Governo empossado a 30 desse mês foi derrubado esta terça-feira após aprovação da moção de rejeição socialista. Os efeitos da queda do Executivo mais curto da história democrática continuam a ser dissecados, designadamente pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que nos dois últimos dias ouviu as sugestões e reivindicações dos parceiros sociais.
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Cavaco passou esta quinta e sexta-feira a auscultar as confederações patronais, as centrais sindicais e também algumas associações privadas com vista a uma melhor tomada de decisão em relação àquele que irá ser o futuro Governo da República.
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Patrões divergem quanto ao salário mínimo e à melhor solução governativa
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António Saraiva inaugurou a ronda de encontros na quinta-feira para dizer que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) tudo fará para que "não sejam revertidos" os elementos de competitividade da economia portuguesa, nem "cederemos qualquer espaço de reversão" que coloque em causa a "melhoria de competitividade que já foi atingida".
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Saraiva referia-se à posição comum da maioria parlamentar de esquerda no que à subida do salário mínimo nacional diz respeito, algo que o presidente da CIP garante ser uma "tentativa de esvaziar a concertação social e o seu papel".
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Já João Vieira Lopes, da Confederação de Comércio e Serviços (CCP), não só demonstrou "abertura para o aumento do salário mínimo" como garantiu total disponibilidade para trabalhar com qualquer Executivo "com suporte para funcionar". No entanto, Vieira Lopes vincou que na CCP "não simpatizamos muito com a ideia de um Governo de gestão".
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Posição distinta foi a assumida por João Machado, da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que pediu a Cavaco Silva que permita ao Executivo em funções prosseguir em gestão até que constitucionalmente seja possível agendar novas eleições. Para o líder da CAP, a concretização de um Governo do PS apoiado pela esquerda seria "um truque" porque a "soma de três perdedores não dá um vencedor".
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Tal como Vieira Lopes, também o líder da Confederação de Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, disse estar disponível para discutir o "aumento do salário mínimo", sendo que, à imagem do sustentado pelo líder da CCP, preferiria que esta questão fosse tratada na concertação social.
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Todavia, Calheiros sublinhou a importância de garantir a necessária "estabilidade política" de forma a evitar o adiamento de investimentos no sector do turismo, algo que disse já estar a verificar-se.
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Associações privadas mostram preocupação com aumento do salário mínimo
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A manhã desta sexta-feira, 13 de Novembro, foi reservada a encontros com a Associação das Empresas Familiares (AEF) e com o Fórum para a Competitividade. A AEF preferiu insistir na importância de ser encontrado um Governo que "venha dar confiança aos empresários", enquanto Pedro Ferraz da Costa, do Fórum para a Competitividade, disse ser contra um Governo de esquerda, hipótese que "vemos com muito maus olhos". Para Ferraz da Costa, os partidos que se propõem suportar no Parlamento um Executivo socialista "nem parceiros são".
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Sindicatos dos trabalhadores quem António Costa indigitado rapidamente
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Coincidentes na mensagem essencial transmitida a Cavaco Silva estiveram a CGTP e a UGT. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, pediu a Cavaco Silva que, tão rápido quanto possível, indigite António Costa como primeiro-ministro. Para a CGTP, "a saída mais adequada é o Presidente da República empossar um Governo do PS".
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Linha idêntica à defendida por Carlos Silva, líder da UGT, que diz ser "importante indigitar o doutor António Costa" para que este forme "o próximo Governo" e, assim, o país possa responder aos seus "compromissos".
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Não constitui ainda novidade que tanto CGTP como UGT coincidam na pretensão de que o salário mínimo seja aumentado. Contudo, a UGT destaca a importância de o papel da concertação social não ser esvaziado em detrimento de uma maioria parlamentar de esquerda.
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Já Luís Filipe Pereira, preferiu não tomar qualquer posição nem assumir nenhuma preferência enquanto presidente do Conselho Económico e Social (CES), que medeia representantes sindicais, associações patronais e o Governo, e assim "preservar pontes, possíveis entendimentos para agora ou mais tarde".
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Já como cidadão, o ex-ministro da Saúde não escondeu a oposição a um Governo da esquerda, preferindo uma solução "que englobe os partidos em que, sistematicamente, 70% da população sempre validou nos últimos quatro anos". O presidente do CES notou ainda que uma solução maioritária de esquerda retiraria importância ao papel da concertação social.
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