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Maria Luís: "Já ninguém acredita numa taxa de crescimento de 1,8%"

A vice-presidente do PSD considera que a previsão do Governo que aponta para um crescimento de 1,8% do PIB este ano é "irrealista e irresponsável" e pede a Costa que inverta o rumo para "salvar pelo menos uma parte deste ano".

31 de Maio de 2016 às 13:10

Maria Luís Albuquerque defende que "já é completamente irrealista insistir numa taxa de crescimento de 1,8% face ao que são os resultados já concretizados do primeiro trimestre e os indicadores e previsões" conhecidos, e que é "irrealista e irresponsável manter um cenário económico em que já ninguém acredita". A vice-presidente do PSD convocou uma conferência de imprensa ao final da manhã desta terça-feira, no final da reunião da Comissão Permanente do partido, e pediu ao Governo que emende a mão.

Crescer menos do que o previsto vai acarretar consequências, como a "perda de convergência para a Europa" e no "processo de consolidação orçamental". "Estamos no final do mês de Maio mas já no início do ano era manifesto que as previsões eram demasiado optimistas, e já deviam ser revistas de forma a que tivéssemos um cenário que permitisse, relativamente àquelas variáveis que controlamos, ter alguma margem de segurança para fazer face a desenvolvimentos negativos", acrescentou a ex-ministra das Finanças.

Para Maria Luís Albuquerque, o Governo de António Costa tem enfrentado "condicionantes externas" com "algumas evoluções desfavoráveis", mas esse não é o principal problema. "Há algumas que continuam a ser favoráveis", designadamente os estímulos do BCE, que "estão presentes e estão ainda mais fortes". Adicionalmente, "continuamos a ter o petróleo a níveis historicamente baixos", mas a "degradação da situação nacional é mais penosa do que o que assistimos nos parceiros europeus".

E "as condicionantes externas não são tão diferentes assim para os nossos parceiros", o que mostra que "o principal problema não é a envolvente externa, são as políticas seguidas a nível interno que teremos todos de pagar", avisa. Por isso, é essencial que o Governo as "reverta enquanto é tempo de salvar pelo menos uma parte deste ano para preservar os esforços que fizemos nos últimos anos".

35 horas: uma "trapalhada" e "péssimo exemplo da forma de governar"

Um dos exemplos das políticas "erradas" apontado por Maria Luís Albuquerque é a reposição de salários e pensões, que "foi em grande parte compensada com o aumento de impostos noutras áreas". Por isso, "o efeito líquido no rendimento dos portugueses não é positivo, tanto mais que a reposição foi feita para uma parte dos portugueses, e o aumento de impostos foi para todos", realça a vice-presidente do PSD.

Mas não só. Há também a intenção de baixar o horário de trabalho na Função Pública para as 35 horas. Esse processo tem sido "uma trapalhada" e um "péssimo exemplo da forma de governar do actual Governo quanto à abordagem de matérias da maior relevância". "As trapalhadas têm-se sucedido nesta área com afirmações contraditórias", com "anúncios de que é para todos, depois que não é para todos".

"Isto interrompe um princípio de aproximação entre os regimes do sector público e privado", iniciado "nos regimes da protecção social", lamenta. "O que se passa no sector público é preocupante. Não vemos como se possa dizer que [o horário de 35 horas] não tem impacto, porque isso é o mesmo que dizer que ao trabalhar mais cinco horas [os funcionários] não produzem nada", acrescenta ainda a ex-ministra.

Governo fez "cedência total" aos estivadores

Maria Luís Albuquerque considerou ainda preocupante a questão dos estivadores. "Este acordo é claramente um retrocesso", até porque o Governo "andou seis meses a assobiar para o lado" e quando decidiu estabelecer um limite para haver um acordo fez uma "cedência total às reivindicações" do sector. "É um sinal muito preocupante, pode ter repercussões para outros portos", e passar a mensagem a outros sectores que têm a "capacidade de bloquear a economia" de que o Governo irá ceder às suas pretensões.

"O Governo desistiu de governar e está condicionado pelos parceiros" à sua esquerda, "que fazem com que exista uma contradição insanável entre o objectivo de cumprimento das regras europeias e prática governativa no dia-a-dia", remata.

Notícia actualizada com mais informação às 13:32

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