Relvas pede ao PS para explicar extinção da ADSE
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, considerou hoje "positiva" a proposta de extinção da ADSE feita pelo porta-voz do PS para a Saúde – proposta que Zorrinho renega, mas que Correia de Campos também apoia.
"É uma proposta que me parecia particularmente positiva, mas estamos à espera que o PS diga qual é que é a posição que vale, se a do porta-voz para o sector, e membro da direcção, se a do líder parlamentar", afirmou hoje o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas comentando a hipótese de a ADSE (sistema de protecção dos trabalhadores da administração pública) ser extinta caso os socialistas regressem ao Governo.
Miguel Relvas não descartou a possibilidade de o Governo avançar com a extinção do subsistema de saúde, mas sublinhou que é "uma matéria que deve ser tratada com muito cuidado e muito equilíbrio porque estamos a tratar de direitos que tocam a muitos portugueses".
Os 400 mil beneficiários da ADSE serão, segundo o ministro, "a principal preocupação do Governo" se avançar para a reforma em relação para a qual desafia o PS a apresentar "uma proposta" especificando, quando e como pretende acabar com o subsistema e qual a alternativa que propõe para os beneficiários.
Miguel Relvas falava em Santarém, onde hoje presidiu à assinatura de um protocolo visando aumentar o recurso ao programa "Impulso Jovem".
A extinção da ADSE foi defendida por Álvaro Beleza, membro do Secretariado Nacional do PS, em entrevista ao Jornal de Notícias. Caso os socialistas regressem ao Governo, a ADSE deverá ser “claramente” extinta, disse, considerando que este subsistema de saúde é gerador de injustiças na sociedade portuguesa.
Mas em declarações aos jornalistas, após a sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do PS, em Viseu, Carlos Zorrinho negou que a extinção da ADSE se encontre nos planos dos socialistas.
"Quero afirmar que o PS não é a favor da extinção da ADSE. Quero que isso fique bastante claro", disse o líder parlamentar socialista.
Confrontado com o teor da posição assumida por Álvaro Beleza, Carlos Zorrinho alegou que essas declarações sobre a ADSE devem ser interpretadas "no contexto da entrevista" concedida pelo coordenador do PS para a área da saúde.
"Mas é a opinião pessoal do coordenador [Álvaro Beleza], mas não é a opinião do PS. Em todas as áreas de trabalho, o PS está a desenvolver debate interno. Nesse caso em concreto, não somos a favor da extinção da ADSE", declarou.
Interrogado se Álvaro Beleza se deve manter nas funções de coordenador para a área da Saúde dentro do Secretariado Nacional do PS, o líder da bancada socialista recusou-se a responder.
Já Correia de Campos saiu em defesa do coordenador do PS para a Saúde. Para o actual eurodeputado socialista e antigo ministro do Governo de José Sócrates, o caminho "é substituir a ADSE porque é um mau sistema, não é integrado, em que o doente é partido às fatias", exemplificou. Por isso, "tem de ser substituído, encontrando uma solução para substituir" o subsistema para os funcionários públicos. E recordou que a ADSE sempre funcionou como "migalhinhas do salazarismo", para de algum modo compensar o não aumento de salários na função pública.
O antigo ministro da Saúde recordou que, nessa condição, "em 2007 pediu um relatório de sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", onde já se defendia "a reforma absoluta da ADSE". E preconizou "a criação e integração no SNS e de uma mútua para que a classe média possa respirar".
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