CIP: 84% das empresas dizem que apoios do Governo são insuficientes
A grande maioria dos empresários e gestores de topo consideram que os apoios lançados pelo Governo durante a pandemia estão aquém ou muito aquém das necessidades das suas empresas. E mais de metade prevê que o Plano de Recuperação e Resiliência não vai ter qualquer impacto para a atual situação da sua atividade.
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Estas são apenas duas das conclusões do último inquérito da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), "Projeto Sinais Vitais", realizado em parceria com o ISCTE, cujos resultados são divulgados esta segunda-feira.
De acordo com os resultados do inquérito realizado junto de empresas de várias dimensões e de diversos ramos de atividade, 84% dos empresários e gestores de topo inquiridos estão longe de estar satisfeitos com as soluções apresentadas pelo Governo, continuando a considerar os apoios como "insuficientes" estando "aquém ou muito aquém do que necessitam". Apenas 16% consideram que os apoios "estão à altura das dificuldades" e nenhum empresário ou gestor considera que as expectativas foram superadas.
De futuro, o cenário pode não vir a melhorar. A CIP alerta que mais de metade dos empresários inquiridos (68%) consideram que o PRR "não terá significado para a atividade da sua empresa". No reverso, apenas "9% consideram que pode ser significativo" e 3% muito significativo.
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Perante o leque de apoios desenhados pelo Governo, a CIP revela que, nos últimos três meses, mais de metade dos empresários e gestores (64%) acabaram por decidir não recorrer a qualquer apoio do Governo. A principal razão apontada pelos empresários passa pela falta de condições de elegibilidade para poder avançar com uma candidatura.
"Estes programas de apoio e as respostas do Governo não têm sido corrigidos para que possam servir as empresas", sublinha o vice-presidente da CIP, Armindo Monteiro (na foto), acrescentando que o PRR "não está adequado ao que é o tecido empresarial português".
E entre os 36% que decidiram recorrer a algum tipo de apoio, há cada vez mais empresas que vêem rejeitado o seu pedido de apoio. De acordo com a CIP, há 14% das empresas inquiridas que viram recusada a sua candidatura a um apoio, sendo que nos meses anteriores esta percentagem se situava entre os 5% ou 6%. Quase um terço (27%) está ainda a aguardar uma resposta.
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Mais de metade sem teletrabalho
O estudo revela ainda que no início do ano a maioria (54%) das empresas inquiridas não teve trabalhadores em teletrabalho e apenas 10% esteve a funcionar com a totalidade dos trabalhadores à distância.
Cenário que se registou apesar de o Governo ter decretado o teletrabalho obrigatório de 25 de dezembro de 2021 a 14 de janeiro de 2022 devido à pandemia.
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Na apresentação do documento, Pedro Esteves, do ISCTE, salientou que os dados do teletrabalho podem refletir o facto de a maioria das empresas inquiridas serem do setor da indústria, onde a maioria das funções não são compatíveis com teletrabalho.
O inquérito da CIP contou com a participação de 423 empresas, das quais a maioria (48%) é do setor da indústria e energia, de outros serviços (23%), do comércio (12%) e da construção e atividades imobiliárias (5%), que foram inquiridas entre os dias 4 e 12 de janeiro deste ano.
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