Operadoras de telecomunicações brasileiras intensificam guerra de preços
As operadoras de telecomunicações brasileiras intensificaram uma guerra de preços que poderá prejudicar as suas margens no segundo trimestre deste ano, consideram analistas consultados pela AFX, sublinhando que podem agora encontrar-se telemóveis a quase metade do preço e que as empresas do sector a estão a investir mais em publicidade para aumentar as vendas. Os analistas do BPI acreditam que a Vivo poderá, neste contexto, perder um ponto percentual na sua margem do EBITDA em 2005.
Segundo os especialistas consultados pela AFX, os investidores que tinham esperança de que a concorrência entre as operadoras de telecomunicações brasileiras tinha perdido a intensidade desde o final de 2004 e que perspectivavam uma recuperação nas margens, poderão ter uma má surpresa.
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Isto porque está, de facto, a assistir-se a uma intensificação da concorrência através da redução dos preços e de um maior investimento em publicidade. Por exemplo, um telemóvel de gama baixa que custava 249 reais ( 74,23 euros) pode agora ser comprado por apenas 149 reais ( 44,42 euros)
«Os preços dos telemóveis estiveram estáveis desde o último Natal, o que nos levou a acreditar que tinham sido declaradas tréguas entre as operadoras», afirmam os analistas Maurício Fernandes e Whitney Johnson em «research» acrescentando que, contudo, como o Dia da Mãe se aproxima, «as operadoras parecem estar preparadas para captar a preferência dos clientes».
A UBS Warburg verificou que no Rio de Janeiro, onde a Vivo - «joint ventures» da Portuga Telecom e da Telefónica –, a Telecom Itália, a TIM Participações, a América Movil e a OI concorrem, a TIM é a que está a praticar os preços mais baixos de 129 reais por telemóvel.
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Já em São Paulo, a Vivo, a TIM e a América Movil oferecem telemóveis por 149 reais. Os analistas Stephen Graham e Carlos Sequeira da UBS perceberam que o segundo trimestre – com duas datas importantes como o Dia da Mãe e o Dia dos Namorados (celebrado em Junho no Brasil) – é historicamente mais competitivo do que no primeiro trimestre, mas menos do que no quarto trimestre.
No entanto, explicam que «os preços agressivos estão a surpreender excepcionalmente tão cedo no trimestre», acrescentando que «se a tendência continuar, as margens tendem a ser fortemente pressionadas no segundo trimestre, depois de uma presumível recuperação no primeiro trimestre».
Segundo a Merrill Lynch, os baixos subsídios aos telemóveis no quarto trimestre de 2004 e primeiro de 2005 «levou alguns investidores a acreditarem que as margens do EBITDA dos telemóveis tinham ido ao fundo».
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«Ao mesmo tempo que este poderá ser ainda o caso, parece que a recuperação da margem do EBITDA em 2005 poderá ser limitada, nomeadamente para a Vivo, maior operadora do Brasil», explica a mesma fonte.
BPI espera que Vivo perca 3,2 pontos percentuais na quota de mercado em 2005
Neste contexto, os analistas do BPI explicam que estas são notícias negativas para a Vivo, «embora nas nossas estimativas já esperássemos mais pressões na margem do EBITDA da Vivo em 2005 – um ponto percentual abaixo de 2004 da margem de 33,4% em 2004».
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Para além disso, os especialistas esperam que a Vivo «perca 3,2 pontos percentuais da sua quota de mercado em 2005»
Para toda a área móvel brasileira acreditam que este ano «deverá ser um ano de crescimento – mais 26% do que no anterior para os 17 milhões de clientes – embora a um ritmo mais baixo do que em 2004, onde se verificou uma subida de 41% para os 19 milhões de clientes.
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