Metais preciosos em queda após semana "louca". Iene recupera terreno no mercado cambial
Juros da Zona Euro aliviam após semana de ganhos e perdas nas bolsas
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar esta segunda-feira, depois de uma semana de negociações voláteis nos mercados internacionais.
Os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, que servem de referência para a Zona Euro, estão a aliviar 1,7 pontos-base para 2,843%. Em França, os juros estão a recuar 1,2 pontos base para 3,547% e, em Itália, recuam 2 pontos base para 3,527%.
Por cá, a "yield" das obrigações portuguesas a dez anos está a cair 1,7 pontos base para 3,127%. Já os juros das obrigações espanholas na mesma maturidade estão a recuar 1,6 pontos base para 3,268%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas, também a dez anos, aliviam 1,4 pontos base, para 4,488%.
Iene ensaia recuperação mas intervenção ainda está no horizonte
O iene está a recuperar algum terreno esta segunda-feira, depois de ter enfrentado grande turbulência no final da semana passada, numa altura em que os investidores avaliam os próximos passos do Banco do Japão (BoJ) e equacionam uma possível intervenção por parte da autoridade monetária na moeda.
A esta hora, o dólar recua 0,22% para 156,23 ienes, após ter avançado mais de 0,5% face à divisa nipónica na sexta-feira. As atas da última reunião do BoJ, quando o banco central decidiu aumentar as taxas de juro para 0,75%, revelaram que os membros da autoridade discutiram a necessidade de continuar a apertar a política monetária para fazer face às pressões inflacionárias no país.
Na semana passada, a ministra das Finanças, Satsuki Katayama, afirmou que o Japão tem liberdade para lidar com os movimentos excessivos do iene. A advertência de um possível intervenção foi suficiente para limitar as movimentações da moeda face ao dólar, mas o pessimismo em torno da moeda já está a aparecer na negociação com outras dividas, avisa Bart Wakabayashi, da State Street, à Reuters.
Por sua vez, o euro está a negociar quase inalterado face à "nota verde", avançando apenas 0,03% para 1,1777 dólares, isto depois de a reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky em Mar-a-Lago ainda não ter fechado por completo um acordo para a paz na Ucrânia. Apesar de o líder norte-americano ter sinalizado progressos, referindo mesmo que há um entendimento de 90% no plano de 20 pontos proposto por Washington, os investidores antecipam que, a acontecer, um acordo ainda poderá demorar alguns meses.
Prata fura a barreira dos 80 dólares. Metais preciosos corrigem de grandes ganhos
Os metais preciosos estão a corrigir dos grandes ganhos registados na sexta-feira, apesar de a prata ainda ter conseguido furar a barreira dos 80 dólares pela primeira vez na história no arranque da sessão, numa altura em que os investidores aproveitam as valorizações mais recentes para proceder à retirada de mais-valias e as negociações entre a Ucrânia e os EUA também retirarem algum do prémio de risco incorporado nos preços.
A esta hora, o ouro recua 1,24% para 4.477,11 dólares por onça, após ter atingido um novo máximo histórico na sexta-feira de 4.549,71 dólares. Por sua vez, a prata recua 4,6% para 75,47 dólares por onça, depois de ter chegado a valorizar até aos 83,62 dólares no início da sessão desta segunda-feira. Já a platina, que também tocou um novo máximo de 2.478,50 dólares hoje, está agora a afundar 6,94% para 2.289,05 dólares por onça.
"Uma combinação de tomada de mais-valias e negociações aparentemente produtivas entre [Donald] Trump e [Volodymyr] Zelensky sobre um potencial acordo de paz colocaram o ouro e a prata em desvantagem", explica Tim Waterer, analista-chefe de mercado da KCM Trade, à Reuters. O analista antecipa que o metal amarelo toque nos cinco mil dólares em 2026, impulsionado por novos cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana.
No domingo, o Presidente dos EUA afirmou que, daqui a "umas semanas, se tudo correr bem", Washington e Kiev poderão ter fechado um acordo para assegurar o apoio norte-americano ao plano de paz na Ucrânia. Zelensky e Trump já terão concordado com 90% do plano de paz de 20 pontos proposto, embora os dois líderes não tenham referido se há progresso no entendimento sobre o futuro da região do Donbass - atualmente ocupada de forma parcial pelos russos.
Apesar de não ter sido alcançado um acordo definitivo, estes progressos parecem estar a ser suficientes para retirar algum gás ao "rally" dos metais preciosos, que culminou na sexta-feira com vários máximos históricos. Desde o arranque do ano, o ouro já valorizou 72%, mas a verdadeira estrela de 2025 é mesmo a prata, que já viu os preços quase triplicarem.
Petróleo em alta sem acordo definitivo na Ucrânia
O barril de petróleo está a negociar em território positivo esta segunda-feira, com ganhos superiores a 1%, num dia em que os investidores estão a avaliar os desenvolvimentos geopolíticos na Ucrânia - ainda sem um cessar-fogo definitivo no país - e a decisão da China de aumentar o investimento público para apoiar o crescimento económico do país.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI) – de referência para os EUA – avança 1,18%, para os 57,39 dólares por barril, enquanto o Brent – de referência para o continente europeu – segue a valorizar 1,17% para os 61,32 dólares por barril. Os dois contratos de referência terminaram a sessão de sexta-feira com perdas superiores a 2%, com os investidores a anteciparem maiores desenvolvimentos na reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky em Mar-a-Lago, na Florida.
No entanto, os EUA e a Ucrânia acabaram por não chegar a um entendimento definitivo. O Presidente norte-americano comprometeu-se a chegar a um acordo daqui a umas semanas, caso "corra tudo bem", e avaliou a reunião como positiva, referindo mesmo que existe "90% de acordo" no plano de paz de 20 pontos que foi apresentado a Kiev. Zelensky não pôs, no entanto, de parte, a possibilidade de o plano ser submetido a um referendo.
"Não existiram grandes avanços", refere Gao Mingyu, analista-chefe de energia da China Futures à Bloomberg, que aponta o dedo à falta de um compromisso em questões como o futuro da região de Donbas, parcialmente ocupada pelas forças russas. "Parece que ainda há muito para resolver", acrescenta a analista, que justifica a subida nos preços do petróleo com a falta de um acordo final.
"O Médio Oriente também tem estado instável recentemente, com ataques aéreos sauditas no Iémen e o Irão a afirmar que o país está em 'guerra total' com os EUA, a Europa e Israel. Isso pode estar ainda a alimentar as preocupações do mercado sobre possíveis disrupções no abastecimento" de crude a nível mundial, acrescentou Yang.
Ásia perde gás na reta final de 2025. Europa aponta para abertura em alta
As principais praças asiáticas encerraram a primeira sessão da última semana do ano divididas entre ganhos e perdas, mas muito próximas de máximos históricos, numa altura em que os investidores aproveitam os momentos finais de 2025 para reposicionarem as carteiras e reagem aos desenvolvimentos geopolíticos na Ucrânia.
À saída de um encontro com o líder ucraniano, Donald Trump afirmou que, daqui a "umas semanas, se tudo correr bem", Washington e Kiev poderão ter fechado um acordo para assegurar o apoio dos Estados Unidos ao plano de paz na Ucrânia. As declarações reduziram o prémio de risco incorporado nos metais preciosos e deram algum gás às ações, mas os investidores continuam à espera de um cessar-fogo definitivo com a Rússia para celebrarem.
Pela Ásia, o MSCI Asia-Pacific Index acelerou 0,5% para a sétima sessão consecutiva de ganhos, com o setor tecnológico e industrial a puxarem pelo índice, apesar de nem todas as praças terem conseguido terminar à tona. O japonês Nikkei 225 caiu 0,44%, corrigindo ligeiramente dos ganhos da semana anterior, mas mesmo assim encontra-se a negociar bastante próximo de valores recorde e com um salto anual de 27%.
Na China, também se viveu uma sessão morna, com o Hang Seng, de Hong Kong, e o Shanghai Composite a apontarem para direções distintas. Enquanto o primeiro terminou a negociação com uma perda de 0,61%, o segundo conseguiu fechar em alta, embora com ganhos muito reduzidos de apenas 0,04%.
Já na Coreia do Sul, o Kospi ignorou as movimentações parcas dos seus congéneres e acelerou 1,7% para máximos de dois meses. O principal índice sul-coreano conta já com um saldo anual de cerca de 75% e prepara-se mesmo para fechar o melhor ano desde 1999 - apesar de 2025 até ter sido marcado por alguma turbulência política no país, depois do seu ex-presidente, Yoon Suk Yeol, ter tentado impor a lei marcial na Coreia do Sul na reta final do ano passado.
Pela Europa, e após a pausa natalícia que se estendeu até sexta-feira devido às celebrações do "Boxing Day", as principais praças da região preparam-se para recuperar o tempo perdido e abrirem a negociação no verde, com os futuros do Euro Stoxx 50 a apontarem para ganhos de 0,3%.
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