Turbulência põe exportações de componentes abaixo dos mil milhões
Saldo das exportações do setor passou para negativo no acumulado do ano. As vendas para a Europa, que representam 88% do total, encolheram 2,4% até julho, com o saldo global a ser de -2,5%.
As exportações portuguesas de componentes para automóveis registaram, em julho de 2025, uma queda homóloga de 3,9%. As vendas ficaram abaixo da fasquia dos mil milhões de euros pela primeira vez este ano, de acordo com os dados da AFIA – Associação de Fabricantes da Indústria Automóvel.
Segundo a AFIA, com base nos dados do INE, no total, as vendas cifraram-se em 984 milhões de euros, em julho. Habitualmente, só no mês de agosto de cada ano é que se verifica o primeiro valor abaixo deste patamar, sendo que dezembro é sempre o pior mês.
Os componentes automóveis atravessam “um período de grande turbulência, quer do lado da procura quer do lado da oferta” que impacta a produção de veículos na Europa, diz a AFIA, explicando, assim, a quebra registada nas vendas de componentes nacionais para o exterior.
Em resultado do desempenho em julho, as vendas de componentes para automóveis no acumulado do ano passaram para “terreno” negativo. “Somam 7.225 milhões de euros, uma descida de 2,5% em relação ao mesmo período de 2024”, refere a AFIA.
Dependência da Europa
“A Europa continua a ser o principal destino, absorvendo 88,3% das exportações de componentes automóveis, apesar de uma ligeira contração de 2,4% face a 2024. No entanto, é de destacar o aumento de 18,8% das exportações para a África e Médio Oriente”, diz a associação.
Entre os países de maior relevância no destino da produção das empresas nacionais, “temos Espanha (29,4% de quota) que registou um crescimento de +2,7%, enquanto a Alemanha (-10,8%) e os EUA (-13,6%) sofreram quebras significativas”, acrescenta.
Há também destaques pela positiva. A AFIA dá destaque à “forte subida das exportações para a Roménia, atualmente 6.º país-cliente (+38,4%) e Marrocos, 8.º país-cliente (+32,3%)”, remata.
Faltam medidas
A AFIA diz, por isso, que “o setor enfrenta atualmente grandes desafios como os custos de energia elevados, pressão crescente para a transição para a mobilidade elétrica, instabilidade nas cadeias de abastecimento internacionais e o impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos da América, apesar destas só se sentirem mais seriamente a partir de setembro”.
É por isso que, refere José Couto, presidente da AFIA, “é fundamental que as políticas públicas apoiem o investimento e a inovação para que possamos continuar a ser competitivos a nível europeu e global”.
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