"Ricardo Salgado sabia que havia pressão para que saísse"

O governador voltou a defender que não tinha condições para retirar a idoneidade a Salgado como líder do BES. Mas afirmou que o facto de o banqueiro ter pedido pareceres jurídicos contra a possibilidade de ser afastado mostra que "sabia que havia pressão para que saísse".
"Ricardo Salgado sabia que havia pressão para que saísse"
Maria João Gago 23 de Março de 2017 às 18:08

O governador do Banco de Portugal (BdP) voltou a defender, no Parlamento, que não tinha condições jurídicas para afastar Ricardo Salgado da liderança do BES no final de 2013 e que também não podia usar o facto de o banqueiro ter aderido ao perdão fiscal dessa altura, o RERT (regime excepcional de regularização tributária), para lhe retirar a idoneidade.

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Questionado pelo deputado comunista Miguel Tiago esta quinta-feira, 23 de Março, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) no Parlamento, Carlos Costa sublinhou que "Ricardo Salgado sabia que havia pressão para que saísse do BES", dando como exemplo o facto de o banqueiro ter pedido pareceres jurídicos que sustentavam a tese que, por lei, o Banco de Portugal não o podia afastar da liderança da instituição.

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"Ricardo Salgado sabia que havia pressão para ele sair. Ninguém precisava de lhe pedir", sublinhou Carlos Costa, recordando que o "BdP tinha tido três acórdãos, dois anteriores à resolução, onde lhe foi anteposto que o facto de não ter havido condenações com trânsito em julgado" o impedia de retirar a idoneidade a banqueiros.

 

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Quanto a possibilidade de o supervisor invocar o RERT para afastar Salgado, posição que segundo o Público foi defendida por técnicos do BdP, Carlos Costa diz que a lei o impedia de usar essa informação contra o banqueiro.

 

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"Retirar a idoneidade é um acto de grande gravidade. Exige fundamentação. Era preciso haver condenação com trânsito em julgado", justificou.

 

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Miguel Tiago ripostou que "a lei fala de indícios e não de condenação". Mas o governador insistiu que os acórdãos de tribunais superiores apontam para que o BdP só possa retirar a idoneidade a banqueiros perante factos concretos. 

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