Banif: as perguntas que os gestores enfrentam hoje no Parlamento
Em 2008, a primeira comissão de inquérito ao BPN arrancou com Oliveira Costa, fundador do banco. Começou pela gestão.
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Em 2012, a segunda comissão de inquérito ao BPN iniciou-se com Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro e Finanças do Governo da altura. Começou pela tutela.
Em 2014, a comissão de inquérito à gestão do BES e do GES teve Carlos Costa como primeiro convocado. Começou pela supervisão.
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Em 2016, a comissão de inquérito ao Banif tem a primeira audição com Joaquim Marques dos Santos como protagonista. Oito anos depois, volta a ser a gestão a primeira a explicar-se.
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Além de Marques dos Santos, cuja audição se inicia pelas 9:30 de terça-feira e que tem como foco a sua presidência entre 2010 e 2012, às 15:00 é Jorge Tomé, CEO de 2012 a 2015, que fala. No dia seguinte, Luís Amado, que presidiu à administração do Banif neste último período, é quem se explica aos deputados. António Varela, que representou o Estado no banco e foi depois para o regulador, tem depoimento agendado para a tarde de quinta-feira.
O que têm a dizer os dois primeiros responsáveis, ouvidos esta terça-feira?
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Joaquim Marques dos Santos. Era vice-presidente do Banif quando, em 2010, o fundador Horácio Roque faleceu. Foi o líder interino e, depois, assumiu mesmo a presidência da administração do banco. Enfrentou a crise da dívida portuguesa, que colocou pressão sobre a banca nacional – foram vários os cortes de "rating" à dívida do país e, depois, aos bancos. Marques dos Santos quis sair em 2012, sendo sucedido por Luís Amado enquanto "chairman", depois de mostrar "indisponibilidade" para ser reconduzido. O gestor, que estava no banco desde os primórdios, queria reduzir a intensidade do seu trabalho devido à sua "situação de reforma".
Há cinco questões incontornáveis a que, à partida, terá de responder.
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1) Qual era a situação financeira do Banif quando entrou, em 2010, e quando abandonou a liderança, dois anos depois?
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2) O presidente do Totta diz ter encontrado surpresas negativas no Banif. Alguma delas poderá ter vindo do período em que foi presidente?
3) A inspecção feita pela troika obrigou à constituição de imparidades em 2011. Na altura, o banco queria criar uma almofada que evitasse o pedido de ajuda estatal. O que correu mal?
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4) Por que motivo o Banif necessitou de uma injecção de capital pouco depois da saída de Marques dos Santos da liderança do Banif?
5) Houve contactos para que o Banif fosse vendido? Porque não aconteceu?
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Jorge Tomé. Nomeado presidente executivo em Março de 2012, teve a tarefa de simplificar a estrutura do Banif. O banco que liderava recebeu, em 2013, 1,1 mil milhões de euros do Estado mas não conseguiu que a Comissão Europeia aceitasse um dos vários planos de reestruturação propostos para compensar aquele auxílio. A venda da posição do Estado, adquirida aquando da injecção estatal, não foi bem-sucedida e Tomé, antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos, acabou por ser retirado das funções com a resolução do Banif.
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1) Qual era a situação financeira do Banif quando entrou, em 2012, e quando abandonou a liderança, três anos depois?
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2) Porque foi feita a injecção de 1,1 mil milhões de euros no início de 2013? Quem decidiu os moldes em que tal aconteceu e porque não foram viabilizadas alternativas?
3) Qual a razão para a apresentação de tantos planos de reestruturação (quantos exactamente?) e nenhum deles ter recebido o acordo da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia?
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4) O presidente do Totta diz ter encontrado surpresas negativas no Banif. Alguma delas poderá ter vindo do período em que foi presidente?
5) O que propunham, efectivamente, os seis interessados que apresentaram propostas pelo Banif a dias da resolução?
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Publicamente, Jorge Tomé já falou sobre a venda do Banif, mais precisamente numa entrevista no programa Negócios da Semana, na SIC Notícias. Considerando que a venda do Banif ao Santander Totta foi feita "num contexto um bocado estranho", o ex-CEO do banco sugeriu que o Fundo de Resolução vai gerar ganhos com a venda de activos do antigo banco. Além disso, deixou críticas ao governador, Carlos Costa, e à antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, assegurando que as contas do banco, quando saiu, estavam "limpinhas e direitinhas".
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