Garantia pública põe jovens a valer 60% do novo crédito à habitação
Dados do Banco de Portugal mostram que ao longo deste ano os jovens até aos 35 anos ultrapassaram as outras faixas etárias nos novos empréstimos.
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Os jovens já representam 60% dos novos créditos à habitação. Os números são do Banco de Portugal (BdP) e mostram uma inversão da lógica verificada até 2024. No final do ano passado, as pessoas com idades até aos 34 anos eram a segunda faixa etária na concessão de crédito, atrás do intervalo seguinte (dos 35 aos 54 anos). No final do terceiro trimestre deste ano, esses lugares inverteram-se.
“O peso dos jovens até aos 35 anos no montante de novos contratos para habitação própria e permanente aumentou de menos de 40% no primeiro semestre de 2024, para cerca de 60% no final do segundo trimestre de 2025”, escreve o regulador.
Explicação? “O peso dos jovens […] tem vindo a aumentar devido às políticas de incentivo à compra de habitação por parte dos jovens”.
Os jovens até aos 35 anos em Portugal beneficiam da garantia do Estado nos empréstimos, medida que na prática permite o financiamento de 100% do valor do imóvel (ao contrário do teto máximo de 85% recomendado pelas regras de supervisão). Deixam assim de estar obrigados a ter capital guardado para a chamada “entrada” da casa.
Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito
“A percentagem de indivíduos que pediu crédito — tanto à habitação como ao consumo — é, quase sempre, mais elevada entre os jovens (18–34 anos) do que nos restantes grupos. Este grupo apresenta também uma maior volatilidade nos pedidos, o que poderá indicar uma procura mais sensível a alterações nas condições económicas. No período mais recente, é ainda notório o aumento dos pedidos de crédito à habitação e ao consumo por parte dos mais jovens. Esta evolução contrasta com a queda observada em geral nos restantes grupos etários”, completa o BdP.
Na restante estrutura do crédito concedido em Portugal, o banco central notou, até ao final de setembro, um ligeiro aumento da procura por parte das Pequenas e Médias Empresas (PME).
“O nível geral das taxas de juro contribuiu para o aumento da procura, sobretudo por PME. Em sentido contrário, o recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para diminuir a procura. Nas PME, as necessidades de financiamento do investimento e de financiamento de existências e de fundo de maneio deram também um contributo ligeiro para o aumento da procura; enquanto nas grandes empresas, a emissão de títulos de dívida deu um contributo ligeiro para a diminuição da procura”, lê-se na edição de outubro no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito.
No lado da oferta não foram observadas alterações significativas.
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