Nova reserva contra riscos de crédito não ameaça dividendo do BCP
Miguel Maya, CEO do banco, avançou que a estratégia de investimento e de remuneração acionista não será alterada no seguimento da medida do Banco de Portugal.
Os bancos em Portugal vão ter de criar uma nova almofada financeira para acautelar riscos relacionados com crédito à habitação. A reserva de 4% do valor total da carteira de crédito que tenha imóveis como garantia tem de estar constituída em outubro do próximo ano e o BCP, o único banco cotado na bolsa de Lisboa, diz que não mudará a estratégia, nomeadamente de remuneração acionista.
"No caso do BCP não vai alterar absolutamente nada – nem dividendos nem investimentos – porque já temos isso incorporado", assegurou Miguel Maya, CEO do BCP, esta quinta-feira, na conferência "Banca do Futuro" organizada pelo Jornal de Negócios. Sublinhou que não entende que a nova almofada represente um excesso de cautela.
Ainda na semana passada, Miguel Maya confirmou que BCP vai pagar dividendos relativos ao resultado de 2023, "com a prudência adequada aos desafios que estamos a viver". O valor só deverá, contudo, ser conhecido aquando da apresentação de resultados anuais do banco que lucrou 557 milhões de euros nos primeiros nove meses.
A par do BCP, também os restantes representantes dos cinco maiores bancos em Portugal foram questionados na conferência "Banca do Futuro" sobre a nova almofada de capital do Banco de Portugal, que vai abranger quatro bancos - BCP, Novo Banco, BPI e Santander Portugal -, que terão de pôr de lado 400 milhões de euros.
As almofadas que terão de ser criadas variam, consoante a instituição financeira, entre os 50 e os 150 milhões de euros. O Novo Banco indicou que ficará "no limite inferior" do intervalo. "O banco está muito capitalizado", afirmou o administrador Luís Ribeiro.
Já Francisco Barbeira, administrador do BPI, respondeu que "a banca tem de estar preparada para ciclos económicos e para fazer investimento", mas realçou que tem "muito mais custos de regulação e controlo de riscos".
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