“Humanista”, “benfeitor”, “carismático”. As reações à morte do empresário Rui Nabeiro
Ascendeu a pulso, construiu um império do café e nunca mudou a sede da empresa da vila raiana de Campo Maior, no Alentejo. São características apontadas ao empresário Rui Nabeiro que faleceu este domingo, 19 de março, tal como a preocupação com os trabalhadores.
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"Procurou saber as necessidade e desejos das pessoas", lembra João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), apontando o facto de ter sido "uma empresa que na sua história não teve qualquer conflito laboral e na zona do Alentejo investiu na economia e nas questões sociais".
"Era uma pessoa que sabia os gostos das outras pessoas e, de repente, aparecia por correio ou entregue em mão uma pequena lembrança", recorda o líder da CCP, para quem esta foi "uma relação marcante".
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O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o legado de Rui Nabeiro "ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país", elogiando o "percurso inspirador" e o exemplo de cidadania, humildade e responsabilidade social.
O primeiro-ministro fala de um "legado que ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país. O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer". António Costa destacou o "exemplo de cidadania e humildade", mas também de "responsabilidade social e de paixão pela sua terra", considerando que o empresário teve "uma vida em prol da comunidade".
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O legado do Comendador Rui Nabeiro ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país. O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer. pic.twitter.com/4tHCRhLVpF
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O ministro da Economia, António Costa Silva, apontou Rui Nabeiro como um "empresário exemplar", lembrando que teve "a assunção da responsabilidade social antes de o tema se tornar um debate dominante", afirmou em declarações à SIC Notícias.
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Costa Silva sublinha ainda "a capacidade de construir riqueza e distribuir essa riqueza" "é um exemplo extraordinário". Um homem "singular" e um "líder transformador". "Se tivermos mais 20, 30, 50 Rui Nabeiros, o país será completamente diferente no final desta década", afirmou.
O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, escreveu este domingo na rede social Twitter que "Rui Nabeiro se distinguiu pelo amor a Portugal e à sua terra de sempre, Campo Maior, que serviu como autarca e cidadão". "Um dos maiores e melhores empresários portugueses, muito atento aos direitos dos seus trabalhadores", apontou.
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Rui Nabeiro distinguiu-se pelo amor a Portugal e à sua terra de sempre, Campo Maior, que serviu como autarca e cidadão. Foi um dos maiores e melhores empresários portugueses, muito atento aos direitos dos seus trabalhadores. Permanecerá na memória de todos.
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Uma sucessão familiar há muito resolvida
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A liderança do grupo Delta há muito estava tratada por Rui Nabeiro que em 1961, criou a Delta Cafés, "dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal" e se encontra "em forte expansão nos mercados internacionais", realçou o grupo em comunicado emitido este domingo.
Atualmente, a Delta é liderada pelo neto do comendador, Rui Miguel Nabeiro.
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E foi essa preocupação com a sucessão que António Pires de Lima, CEO da Brisa destaca. "Desde há muito que tivemos membros da família poderem destacar-se como bons profissionais do grupo; o grupo tem hoje uma liderança forte e carismática", frisa.
Também António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), diz estar confiante de que o neto de Rui Nabeiro continuará a obra do avô. Em declarações à Lusa, acentuou o legado que o empresário deixou e que estava refletido na sua capacidade de aliar a gestão a princípios, valores, ética, humanismo e responsabilidade social.
O presidente da CIP referiu-se a Nabeiro como um exemplo de determinação e de visão "porque sempre apontou para três objetivos na atividade empresarial", que deviam ser seguidos pelo país: dimensão empresarial, inovação e internacionalização.
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Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares, lembrou o empresário exatamente numa carta dirigida ao neto. "Caro Rui Miguel, neste dia em que soubemos do falecimento do teu avô Rui, todos nos inclinamos perante o exemplo que foi de chefe de família e de empresário, mas sobretudo como soube partilhar esse exemplo com a sua comunidade local e com todo o país", escreveu no Linkedin. Segundo o representante das empresas familiares, Rui Nabeiro ajudava quem lhe pedia, chorava as dores dos outros, partilhava as suas alegrias com todos. "Deixa-nos um importante legado de Empresa Familiar, responsabilidade que é agora tua e fazemos votos para que sigas fortalecendo a Delta e seguindo o trilho de sucesso que o Comendador Rui Nabeiro iniciou", acrescenta.
O carisma e preocupação com os trabalhadores e a comunidade é realçado pelo economista João Duque, presidente do ISEG. "É um empresário com uma visão de que a empresa serve os seus stakeholders", aponta. "Um exemplo de que pode haver coisas bem feitas que serve o interesse dos acionistas e o interesse da sociedade", frisa o economista.
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"Apesar do desaparecimento do Homem, estou certa de que o seu legado perdurará durante várias gerações", afirmou a CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, numa declaração por escrito à Lusa. A gestora diz acreditar que o legado de Rui Nabeiro irá perdurar durante várias gerações, considerando que o nome do empresário estará sempre ligado à preocupação na criação de valor social.
"O seu nome estará para sempre ligado a um dos grandes empresários nacionais e a uma grande preocupação na criação de valor social", salientou a empresária, recordando que "durante muitos anos" o grupo retalhista dono do Continente contou com a presença de Rui Nabeiro na abertura de centenas das suas lojas, "comprovando a generosidade que sempre teve para com a Sonae".
(Notícia atualizada às 18:40)
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