"Viemos despedir-nos do senhor Rui"
Campo Maior acordou com um movimento invulgar. Uma multidão silenciosa que se deslocou propositadamente à vila da raia alentejana, no distrito de Portalegre, para prestar uma última homenagem ao empresário Rui Nabeiro, falecido na manhã de domingo, em Lisboa.
Na sede do Grupo Nabeiro - Delta Cafés juntou-se cerca de um milhar de pessoas que quiseram despedir-se "do senhor Rui", como o tratavam todos os empregados e amigos. Fardados, embora a fábrica tivesse sido encerrada durante dois dias, ninguém arredou pé até à chegada do carro funerário. Uma imensa salva de palmas, que demorou seguramente mais de 15 minutos, assinalou o momento. O primeiro de vários de muita comoção.
"Viemos despedir-nos do senhor Rui, o homem que nunca disse não a ninguém", sintetizou José Romudas, lembrando que durante os "40 anos, cerca de dois terços da minha vida, que levo a trabalhar na Delta, nunca vi o senhor Rui negar nada a ninguém, fossem infantários, lares, clubes desportivos".
Relatos do seu carácter foram-se multiplicando para os microfones. Histórias de muito humanismo. Marcas colecionadas ao longo dos 61 anos que a empresa tem de vida.
Já na vila, onde o corpo voltou a passar por instalações da Delta até ser deixado na igreja matriz, repetiu-se o banho de uma multidão emocionada.
A marca deixada por Rui Nabeiro, falecido uma semana antes de completar 92 anos, não se cinge a Campo Maior. Entre os cerca de 600 funcionários que trabalham nas instalações da Novadelta, há gente de todo o distrito de Portalegre e até de outras zonas do país.
De Espanha vieram jornais, rádios e equipas de canais televisivos. "Era amigo de todos. Tinha sempre uma palavra boa para toda a gente e nunca negava um pedido. Como podíamos não vir?", disse uma das repórteres presentes.
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