Acordo traz "alívio", mas tarifas dos EUA ainda "muito preocupam" comércio europeu
A EuroCommerce diz que acordo entre UE e EUA traz previsibilidade às empresas, mas pede ação urgente a Bruxelas nomeadamente no reforço da competitividade do mercado único.
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A EuroCommerce, entidade que representa 5 milhões de retalhistas e grossistas, que respondem por cerca de 10% do Produto Interno Bruto da União Europeia (UE), considera que o acordo alcançado entre Bruxelas e Washington, que prevê a imposição de tarifas de 15% sobre as importações de bens europeus, salvo exceções, como metais ou produtos farmacêuticos, traz "um alívio muito necessário" para as empresas ao dar-lhes previsibilidade. No entanto, não deixa de assinalar que é, "na melhor das hipóteses, controlo de danos".
"Após semanas de tensões crescentes e da ameaça iminente de tarifas punitivas de 30% sobre as importações da UE, a Comissão Europeia conseguiu evitar graves danos. As anunciadas tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos proporcionam uma medida de segurança de planeamento para as empresas de todo o continente", refere a EuroCommerce, num comunicado publicado esta segunda-feira.
Não obstante, "os retalhistas e os grossistas continuam muito preocupados", ressalva a organização europeia, apontando que "as tarifas vão atingir essencialmente bens intermédios, com um impacto indireto no preço dos bens finais se as empresas não conseguirem absorver os custos adicionais".
No atual contexto, a EuroCommerce apela, porém, à tomada de ações urgentes por parte de Bruxelas, destacando, desde logo, ser "essencial" acelerar a diversificação do comércio", designadamente por via de "laços comerciais económicos mais fortes com outros parceiros globais e da rápida conclusão de novos acordos comerciais".
Reforçar a competitividade e o mercado único da UE é outro ponto descrito como "fundamental" pela EuroCommerce: "Os retalhistas e grossistas europeus instam a Comissão e os Estados-Membros a priorizarem estes esforços para proteger a UE contra choques externos e apoiar a competitividade global a longo prazo".
Tarifas da América vão agravar "inundação" da Ásia
Umbilicalmente ligado a este ponto surge o do "level playing field", com a EuroCommerce a sublinhar ser "vital" garantir condições de concorrência equitativas com os comerciantes de países terceiros" e a renovar um alerta: "O mercado da UE já está inundado por milhares de milhões de produtos inseguros e não conformes procedentes da Ásia. As elevadas tarifas dos EUA irão acelerar esta tendência, criando uma enorme perturbação do mercado e um risco para a viabilidade futura de muitos retalhistas e grossistas estabelecidos na UE".
Face ao exposto, a organização europeia insiste no apelo para que seja posta em marcha "uma rápida reforma aduaneira e uma aplicação firme, acelerada e coordenada da legislação da UE a nível nacional e europeu relativamente aos comerciantes e 'marketplaces' de países terceiros".
"Um acordo claro proporciona a previsibilidade tão necessária, mas não deve gerar complacência. A UE deve manter-se vigilante, proativa e ambiciosa nas suas políticas comerciais e económicas. A diversificação do comércio e um mercado único mais forte já não são opções estratégicas, mas antes necessidades", afirmou a diretora-geral da EuroCommerce, Christel Delberghe, citada na mesma nota.
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