Comércio de rua: Restaurantes representam seis em cada dez aberturas em Lisboa e Porto
Estudo da Cushman & Wakefield revela que o comércio de rua representou mais de 80% do total de aberturas na última década nas duas principais cidades do país. Restauração "come" a larga distância a moda, com uma ocupação na "casa" dos 10%.
Lisboa e Porto parecem ter um efeito de íman para os negócios. Ao longo da última década, na primeira, abriram 2.160 unidades, enquanto na segunda 770. Em ambas, o comércio de rua representou mais de 80% do total de aberturas, com os restaurantes a responderem por mais de seis em cada dez, revela um estudo da Cushman & Wakefield.
Segundo o "relatório de comércio de rua", publicado esta semana, em Lisboa, a restauração vingou como o setor mais representativo ao longo da última década, ao ser responsável por 66% das aberturas no comércio de rua do Porto e 65% em Lisboa. Seguiu-se a moda que foi responsável por 9% das inaugurações no Porto e por 10% em Lisboa, com maior peso entre as cadeias internacionais em ambas as cidades.
Lisboa destaca-se pelas suas seis zonas "prime" de comércio de rua - Avenida da liberdade, Baixa, Restauradores e Rossio, Chiado, Cais do Sodré, Príncipe Real -, sendo a oferta de comércio de rua nestas localizações "vasta e diversificada". À luz do estudo, a Avenida da Liberdade regista a maior concentração de cadeias internacionais (76%), seguida dos Restauradores e Rossio, com a presença de marcas internacionais a atingir os 52%, impulsionada por aberturas de relevância, como a nova "flagship" da Zara no Rossio, a segunda maior do mundo, com 5.000 m².
À semelhança de Lisboa, mas com ainda maior predominância, o comércio de rua no Porto concentra-se no centro da cidade, com o crescimento a refletir "a maior presença de retalhistas internacionais e nacionais, que aumentaram as áreas ocupadas em 17% e 12%, respetivamente", refere a consultora imobiliária.
"As alterações legislativas ao arrendamento urbano e os incentivos à reabilitação urbana, implementados há mais de uma década, juntamente com o aumento do turismo continuam a ser fatores determinantes para o crescimento do comércio de rua", observa João Esteves, "partner" e líder do departamento de retalho da consultora imobiliária, citado num comunicado enviado às redações a propósito do estudo.
Muita procura, mas oferta limitada
Apesar de as duas maiores cidades do país serem atrativas, a procura acaba por esbarrar na oferta de localizações para explorar, com o estudo a sinalizar uma "redução significativa" da taxa de desocupação face a 2019 (para 10,1% em Lisboa e para 6,6% no Porto) .
"A nossa análise mostra também que, apesar da procura continuar a subir, a atividade de abertura de lojas pelos retalhistas é cada vez mais limitada pela reduzida oferta. A oferta nas principais localizações de luxo – a Avenida da Liberdade em Lisboa e a Avenida dos Aliados no Porto é ainda mais restrita. Este desequilíbrio reflete-se nos níveis de renda que continuaram a subir ao longo do último ano", assinala João Esteves.
Com efeito, de acordo com o estudo, perante este "cenário de elevada procura e oferta limitada, as rendas de mercado atingiram níveis recorde". Em 2024 - detalha - no comércio de rua em Lisboa registaram-se aumentos de 10 euros/m²/mês tanto no Chiado como na Avenida da Liberdade, enquanto no Porto, a Rua de Santa Catarina e a Avenida dos Aliados apresentaram incrementos de 5euros/m²/mês e de 2,5/m²/mês, respetivamente.
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