pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Distribuição define "incontornável" digitalização como um dos eixos estratégicos até 2026

Outro dos eixos fundamentais passa pelas pessoas, com o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, a apontar que o objetivo é tornar o setor mais atrativo, adiantando que estão em curso negociações com os sindicatos para esse efeito.

Gonçalo Lobo Xavier APED Conversa Capital
Gonçalo Lobo Xavier APED Conversa Capital Miguel Baltazar
17 de Abril de 2024 às 17:58

O "incontornável" desafio da digitalização figura como um dos quatro eixos da visão estratégica até 2026, apresentada esta quarta-feira, pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que representa 207 empresas do retalho (alimentar e especializado) que contam com mais de 4.500 lojas, empregam 145 mil trabalhadores, contribuindo com 12% para o Produto Interno Bruto (PIB).

Neste âmbito, uma das medidas concretas passa por lançar um "manual de boas práticas em matéria de cibersegurança", a acompanhar por uma campanha, considerando que o setor é propício a ataques informáticos, mas também pela criação de um "observatório digital" que, em síntese, irá agrupar - e atualizar - estudos sobre barreiras ao crescimento das vendas no canal online que, uma vez identificadas, irão conduzir a propostas de ações específicas, do ponto de vista da regulação e da atração de investimento, para as ultrapassar, explica o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, ao Negócios.

"Muitas vezes não é falta de capacidade financeira, mas mais ao nível da criatividade financeira para fomentar plataformas nacionais que consigam ombrear com outras propostas de valor internacionais", especifica.

À digitalização junta-se a vertente das pessoas. "Não há boas empresas sem pessoas motivadas. Queremos tornar o setor mais atrativo, que seja um setor que pague bem, que motive os trabalhadores, oferecendo boas práticas e novas formas de trabalhar, acomodando os seus anseios", afirma com Gonçalo Lobo Xavier. Neste ponto, o diretor-geral da APED indica que têm sido realizadas reuniões com os dois sindicatos  - o Sitese (Sindicato dos Trabalhadores do Setor dos Serviços, afeto à UGT) e o CESP (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, afeto à CGTP), com um vaivém de propostas e contrapropostas, estando previstas conversações até ao final do mês. "Estamos a fazer esforços" para chegar acordo, garante, embora reconhecendo que "os separa a questão salarial".

No primeiro caso há um Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) firmado em 2022, com efeitos até 2024, enquanto no segundo o CCT não é revisto desde 2016. Em dezembro, nas vésperas de Natal, o Sitese realizou uma greve de dois dias, enquanto em março foi a vez do CESP avançar com uma paralisação que, aliás, tem vindo a realizar "ações de luta", tendo a mais recente sido realizada esta manhã, em frente ao Continente/Modelo da Quinta do Ferrinho, na Guarda.

Ambas as estruturas sindicais argumentam que a contratação coletiva é "desvalorizada" e acusam as empresas de distribuição de recusar negociar a melhoria das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, incluindo atualizar a tabela salarial, apesar dos lucros que acumulam.

O outro eixo da visão estratégica da APED até 2026 prende-se com a sustentabilidade. "Hoje em dia as pessoas querem saber o que fazemos pela sociedade", enfatiza Gonçalo Lobo Xavier, indicando que as empresas pretendem "continuar a apostar no combate ao desperdício alimentar, melhorar a gestão de resíduos e promover a economia circular, induzindo comportamentos nos consumidores", além de prosseguir com "o roteiro para a descarbonização".

O quarto e último eixo prende-se com a cadeia de abastecimento. "Se não tivermos uma 'supply chain' eficiente não temos empresas eficientes", realça o mesmo responsável. Neste contexto, os desafios que enfrenta particularmente desde 2019, desde a pandemia ao impacto das alterações climáticas até às crises e tensões geopolíticas, tornam para a APED evidente a necessidade de encontrar estratégias para poder responder de forma atempada. Além disso, em linha com a ambição uma cadeia "equilibrada", a APED planeia divulgar um "relatório anual de transparência", com dados sobre os impactos, pagamentos ou fornecedores.

"Estes quatro eixos estão interligados entre si. O essencial é que queremos fazer parte da solução e é importante que o Governo olhe para as empresas como entidades que criam valor e emprego", frisa.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio