Prejuízo anual da Sotheby's mais que duplica para 248 milhões em 2024
A casa de leilões adquirida em 2019 por Patrick Drahi, dono da Altice, viu as receitas provenientes de comissões e taxas sobre vendas diminuírem 18%. As contas são espelho das dificuldades que o mercado de obras de arte e de artigos de luxo tem vindo a sofrer, influenciado pela queda da procura na Ásia.
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O prejuízo anual antes de impostos da conhecida leiloeira de artigos de luxo Sotheby’s mais do que duplicou para um total de 248 milhões de dólares em 2024.
A informação, avançada pelo Financial Times, chega numa altura em que a empresa enfrenta dificuldades, à medida que se prolonga a crise que se tem vindo a registar nos últimos anos no mercado de arte e no setor dos artigos de luxo.
No ano passado, a Sotheby's, adquirida em 2019 por Patrick Drahi, dono da operadora de telecomunicações Altice, viu as suas receitas provenientes de comissões e taxas sobre vendas diminuírem 18%, em termos homólogos, para 57,5 mil milhões de dólares (cerca de 49,1 mil milhões de euros ao câmbio atual), de acordo com um relatório da Art Basel e do UBS, citado pelo jornal britânico. Além disso, a empresa registou um declínio de 39% nos lotes de leilão que alcançaram mais de 10 milhões de dólares.
As contas são espelho das dificuldades que o mercado de obras de arte tem vindo a sofrer, influenciado pela queda da procura na Ásia - um dos maiores mercados para artigos de luxo a nível global. Aliás, em fevereiro deste ano, soube-se que a Sotheby’s tinha encerrado o seu negócio de comércio eletrónico na China menos de dois anos depois de se ter comprometido com a expansão online no país.
No início deste ano, a empresa informou que as suas vendas totais em 2024 caíram 23%, para cerca de 6 mil milhões de dólares. Em comparação, as vendas da rival Christie's caíram 6%, para 5,7 mil milhões.
Para fazer frente à pressão sentida, a Sotheby’s tem vindo a despedir trabalhadores desde 2020, ainda que este fator também tenha contribuído para o aumento do prejuízo em 2024. Só os custos com indemnizações ascenderam a mais de 29 milhões de dólares, acima dos 11,4 milhões registados em 2023. E isto embora o número de funcionários tenha caído em apenas 24, para 2.218 trabalhadores.
Em agosto do ano passado, um dos maiores fundos soberanos de Abu Dhabi, o ADQ, concordou em adquirir uma participação na Sotheby's como parte de uma injeção de capital de mil milhões de dólares, negócio que também envolveu o magnata franco-israelita Drahi. Já a BidFair contribuiu com 85 milhões para o aumento de capital da empresa, de acordo com contas de 2024 apresentadas pela Sotheby's Holdings UK no mês passado.
A casa de leilões utilizou a injeção de dinheiro para pagar cerca de 794 milhões em dívidas e ajudar a financiar a compra de sua nova sede nos Estados Unidos (EUA). Como resultado, reduziu a sua dívida líquida de longo prazo de 3,55 mil milhões de dólares para perto de 2,8 mil milhões ao longo de 2024.
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