CMVM avalia se resposta do Benfica sobre Roberto trai informação de há dois anos
Informação de 2013 e de 2011 pode ser contraditória. Regulador da Bolsa pode pedir mais informações ao SLB. Ou avançar para coima.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a analisar a resposta dada pelo Benfica sobre a venda do guarda-redes Roberto em 2011. A dúvida está em se a SAD “encarnada” foi coerente na informação prestada agora, em relação à informação tornada pública ao mercado em 2011.
Contactada pelo Negócios, a CMVM não presta informações, invocando o segredo do processo. Mas o processo normal passa por confrontar as informações agora prestadas com as de 2011 para aferir a sua concordância ou discordância. Em caso de discordância, a CMVM poderá pedir mais esclarecimentos à SAD do Benfica ou avançar para uma fase posterior de apuramento de responsabilidades.
Segundo o Código de Valores Mobiliário, se a CMVM concluir que a informação agora prestada não é coerente com a anterior, então pode decidir que houve omissão de informação verdadeira e completa prestada ao mercado. Nesse caso, a consequência pode ser contra-ordenacional: uma coima à SAD Benfica.
Contradição?
Recorde-se que, em Agosto de 2011, o Benfica comunicou a venda de Roberto por 8,6 milhões de euros. Ora, na sexta-feira, o Atlético de Madrid anunciou que tinha chegado a acordo com o Benfica para a compra do guarda-redes. Como, se o guarda-redes já não era do Benfica desde 2011? Terá sido esta pergunta que levou a CMVM a solicitar, esta segunda-feira, esclarecimentos à SAD encarnada.
De acordo com “Record”, dos 8,6 milhões de euros da venda de Roberto, o Saragoça apenas pagou 86 mil euros. Os restantes 8,514 milhões de euros terão sido debitados a um fundo que ainda não tinha liquidado a dívida total ao clube português e que, portando, não podia vender Roberto ao Atlético Madrid.
O Benfica esclareceu entretanto a CMVM, em comunicado, que perante o incumprimento da BE Plan, entidade que comprou os direitos do jogador Roberto em Agosto de 2011, “e tendo em conta as garantias que estavam associadas a essa cedência de direitos económicos, a Benfica SAD exerceu uma das garantias”. Como tal, o Benfica recuperou os direitos desportivos e a totalidade dos direitos económicos do jogador Roberto, como definido nos acordos estabelecidos com a SAD do Saragoça e a BE Plan. Depois de recuperados os direitos, estes foram transferidos a “título definitivo” para o Atlético de Madrid, por seis milhões de euros. No entanto, esta transferência dos direitos económicos tem efeitos imediatos mas, a dos direitos federativos é diferida para 1 de Julho do próximo ano. “Assim, por acordo entre as partes e o atleta, foi este último cedido a título de empréstimo, até 30 de Junho de 2014, ao Olympiacos FC”, conclui o comunicado.
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