Pedro Rebelo Pinto: "Resultados actuais põem em causa maioria do Sporting na SAD"
Pedro Rebelo Pinto, vice-presidente da candidatura de Pedro Madeira Rodrigues à presidência do Sporting com o pelouro financeiro, afirma que os resultados operacionais negativos comprometem a sustentabilidade financeira e desportiva.
Para o antigo administrador da Glintt, os resultados operacionais (excluindo venda de jogadores) que a SAD do Sporting apresentou nos últimos três anos são "preocupantes". Os relatórios e contas anuais indicam um resultado negativo de 6,6 milhões de euros em Junho de 2014, de 6,3 milhões positivos no ano seguinte, e de 9,7 milhões negativos em Junho de 2016.
"Isto é explicado por um aumento brutal nos gastos com pessoal, e em particular do plantel. Em 2014/2015 tínhamos gastos com pessoal da ordem dos 25 milhões. Passou para praticamente 50 milhões em 2015/2016 e no primeiro trimestre [de 2016/2017] já foi 15 milhões, o que projectado para o ano inteiro dá 60 milhões".
Porquê olhar em particular para o resultado operacional sem resultados da venda de jogadores? "O que deve sustentar a actividade de uma SAD ou de outra empresa qualquer são os resultados operacionais positivos, que são o que liberta o ‘cash-flow’ necessário para sustentar a actividade", defende Pedro Rebelo Pinto, em declarações ao Negócios.
"Quando se tem um resultado operacional negativo e um ‘cash-flow’ operacional negativo, é preciso financiá-lo. E aqui qual é o método de financiamento, mantendo-se esta tendência? Tem de se vender jogadores. Vai ter de se vender as jóias da coroa todas. Isto no final vai tirar competitividade à equipa do Sporting", conclui.
O Sporting tem de conseguiu recomprar até 2024 uma parte significativa dos 135 milhões em Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) em acções na posse do BCP e do Novo Banco para manter a maioria no capital da SAD. Para Pedro Rebelo Pinto, "com a actual gestão e com os actuais resultados não é possível recomprar as VMOC. A situação do Sporting, ao contrário do que tem sido veiculado, está a ir num caminho que pode retirar a competitividade e pôr em causa a maioria da SAD".
André Varela, director financeiro do grupo Sporting, afirmou na semana passada ao Negócios que o clube "já está a reservar dinheiro para essa aquisição [dos VMOC]" e garantiu que o crescimento das receitas, nomeadamente de direitos televisivos (com o novo contracto com a Nos) garante a sustentabilidade das contas do clube, apesar do crescimento expressivo dos gastos com os salários de jogadores. O Sporting teve lucros de 63 milhões de euros no primeiro trimestre, os mais elevados de sempre, graças à venda dos passes de João Mário e Islam Slimani. O resultado operacional sem a venda de jogadores foi de 7,7 milhões.
Pedro Rebelo Pinto assinala que as contas do primeiro trimestre já incluem o efeito do contrato com a Nos. Tendo em conta que nos próximos nove meses não haverá receitas da Liga dos Campeões, estima que no final do exercício o resultado operacional seja negativo em cerca de 13 milhões.
"É preciso mudar a maneira de gerir para se conseguir recomprar as VMOC e não perder a maioria". Para o gestor, se o Sporting não for capaz de recomprar os títulos é improvável que os bancos estejam disponíveis para prolongar o prazo do empréstimo, que termina em 2026. "Estou convencido que bancos com accionistas estrangeiros não vão estender coisa nenhuma. Nos bancos anglo-saxónicos a ideia é assumir as perdas e vender os activos que não fazem parte do ‘core business’".
e a racionalidade da gestão.
Pedro rebelo pinto Vice-presidente da candidatura de Pedro Madeira Rodrigues
Veja no vídeo o plano do Sporting para manter a maioria doa capital da SAD:
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