Prisioneiros cubanos terão sido usados para fazerem mobiliário do Ikea na década de 80 (act)
A multinacional sueca de mobiliário terá utilizado prisioneiros cubanos para produção de mobiliário em 1980, no âmbito de um acordo da empresa para produzir milhares de mesas e sofás, segundo arquivos antigos do governo alemão. Este é o segundo caso em menos de uma semana que aponta para a utilização de prisioneiros no fabrico de mobiliário Ikea, ambos na década de 80.
O pacto estabelecia que a Emiat iria produzir 45 mil mesas e 4 mil sofás de três peças “Falkenberg”, de acordo com o “The Telegraph”.
“A IKEA assegura que não teve relações negociais de relevo com nenhum fornecedor de Cuba” refere a empresa sueca em comunicado, acrescentando que “tanto quanto foi possível apurar, só houve ocasionais testes de compras de um conjunto limitado de produtos, provenientes de fornecedores em Cuba, no final da década de 80”.
O negócio com Cuba soube-se através do jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, que teve acesso a arquivos antigos do ex-Ministro do Exterior da Alemanha de Leste.
Os documentos declaravam que tinham sido “incorporados nas instalações prisionais do Ministério do Interior” de Cuba locais de produção em massa de mobílias, de acordo com o “The Telegraph”.
No entanto, o acordo cubano terá sido mal sucedido logo desde o início. As primeiras entregas de sofás foram rejeitadas, dado que a sua qualidade não cumpria os “critérios de qualidade do Ikea”.
Após o fracasso, alguns oficiais da Alemanha de Leste terão viajado para Cuba numa tentativa de melhorarem a qualidade dos sofás, dado que apenas dessa forma “seria possível o envio directo da mercadoria de Havana para a Suécia”.
Não se sabe se o acordo continuou e o mobiliário foi entregue, ou, se o negócio faliu após o colapso do Muro de Berlim em 1989 e a subsequente reunificação da Alemanha.
Um porta-voz do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung declarou que o Ikea não tinha nenhum conhecimento do acordo cubano, segundo o “The Telegraph”.
A empresa sueca, no mesmo comunicado, revela que “desde o Outono passado que a IKEA Alemanha iniciou uma investigação, ainda a decorrer, que vai permitir obter uma imagem completa das práticas de compras na Alemanha de Leste, durante as décadas de 70 e 80”, sendo que antes desta estar completa “não vai fazer qualquer especulação”.
As revelações de um acordo de produção com Cuba surgem menos de uma semana depois do programa Uppdrag Granskning ter descoberto documentos que provam a utilização, por parte da empresa sueca, de prisioneiros políticos da antiga Alemanha Oriental como trabalhadores forçados nas décadas de 1970 e 1980.
A multinacional sueca chegou a admitir que no passado, entre 1970 e 1980, poderá ter utilizado prisioneiros políticos no processo produtivo, porém que tal não acontece na actualidade. "As compras realizadas na RDA [República Democrática Alemã] tiveram lugar há cerca de 30 anos. Se esta situação aconteceu, é completamente inaceitável e lamentamos profundamente", afirmava o Ikea esta semana em comunicado.
(notícia actualizada com comunicado da Ikea )
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