Europa quer mais transição digital e apresenta mil milhões para acelerar adoção de IA
A Comissão Europeia quer acelerar o passo e criou dois planos para posicionar a Europa como "o Continente da IA". Investimento deverá começar a rolar nos próximos meses, com grande tração já prometida, e impacta, pelo menos, 11 setores-chave.
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A Comissão Europeia apresentou dois planos para reforçar a inteligência artificial (IA) e colocar a Europa na linha da frente, tentando agora apanhar o comboio face aos Estados Unidos da América (EUA) e à China. O objetivo, tal como já tinha sido apresentado com as startups em maio, é colocar o continente europeu na vanguarda ou, como a própria Comissão diz, criar um "Continente da IA". Estão em causa mil milhões de euros de investimento.
O anúncio dos "Apply AI Strategy" e "AI in Science Strategy" coube à vice-presidente Henna Virkkunen, que assumiu que estes planos são um novo passo para atingir a visão pretendida. Tratam-se então de medidas concretas para acelerar a adoção de IA no bloco europeu junto das empresas, com Bruxelas a nomear 11 setores-chave como as grandes alavancas para esta transição.
"Estas estratégias são mais um passo claro em direção à nossa visão: tornar a UE num verdadeiro Continente de IA. A 'Apply AI Strategy é o nosso para integrar IA nos nossos principais setores. O nosso objetivo é simples: estimular a inovação e tornar os nossos negócios mais competitivos em todo o mundo", disse Virkkunen na apresentação destes planos.
"Para as empresas, a IA significa grandes saltos de produtividade, melhores operações, custos mais baixos e grande inovação. Para o setor público, a IA ajuda a oferecer novos e melhores serviços aos cidadãos e apoia a formulação de políticas com base em evidências", sustentou a vice-presidente da Comissão Europeia. Assim, a ideia é criar uma "AI Toolbox" com ferramentas em "open source" para serem utilizadas por várias entidades públicas.
Esta estratégia em específico abrange diversas áreas, entre saúde, farmacêutico, clima, energia, mobilidade, defesa, comunicações, indústria, cultura e engenharia agroalimentar.
"Apenas 13,5% das empresas europeias utilizam IA atualmente. A boa notícia é que na Europa temos fortes vantagens na adoção de IA", apontou o braço-direito de Ursula von der Leyen.
Henna Virkkunen lembrou ainda que as empresas europeias lideram "o mercado global de automação industrial - uma base essencial para a IA industrial" e que o "vibrante ecossistema de startups" permite impulsionar inovação e desenvolver modelos de IA de ponta.
Abordando algo que tem preocupado várias frentes, a vice-presidente mencionou o rápido crescimento da infraestrutura de computação. "Estamos a construir 13 AI Factories e estamos a recolher interesse para as novas Gigafactories. Esta chamada recebemos interesse de investimento superior a 230 milhões de euros. Claramente há um grande compromisso para investir em IA na Europa".
O investimento direto de mil milhões de euros virá de projetos de investigação da UE, nomeadamente o Horizon Europe e o programa Digital Europe. O propósito é encorajar os Estados-membros e o setor privado a auxiliar com fundos, de forma a expandir a atuação da IA e posicionar a o Velho Continente no topo do desenvolvimento, visando a recuperação face aos dois blocos económicos. Neste investimento, a Comissão vai apoiar a ligação de infraestruturas e centros de dados.
Neste âmbito, a entidade europeia apresentou ainda o "Apply AI Alliance", que pretende ser um fator de união entre vários parceiros, nomeadamente setor público, academia, legisladores, sociedade e mesmo os reguladores, com o objetivo de criarem políticas específicas nesta área em desenvolvimento.
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