Submarinos: Defesa dos alemães diz que processo é "equívoco nacional"
A defesa dos arguidos alemães no julgamento do caso das contrapartidas pela aquisição por Portugal de dois submarinos a uma empresa germânica considerou hoje o processo "um equívoco nacional" e refutou os crimes imputados pela acusação.
Godinho de Matos começou por criticar o facto de a investigação do caso das contrapartidas ter sido "privatizada", quando o Ministério Público (MP) entregou a peritagem à empresa INTELI, que trabalhou para todas as firmas envolvidas no processo, incluindo a empresa alemã MAN Ferrostal, que vendeu os submarinos a Portugal.
Quanto ao crime de burla e falsificação de documentos imputados aos arguidos alemães, o causídico contrapôs que se houve alguém que cometeu burla foi o Estado português, que aceitou o contrato e agora veio utilizar o processo-crime como arma de arremesso contra os arguidos estrangeiros.
"Há, isso sim, desmazelo e negligência por parte do Estado português", alegou Godinho de Matos, que apontou ainda a "falta de causalidade" e a revisão do contrato de contrapartidas para justificar que este caso só pode terminar em arquivamento.
Os arguidos alemães manifestaram ao colectivo de juízes, presidido por Judite Fonseca, a vontade de prestarem declarações em tribunal, mas só depois de se juntar ao processo uma cópia do contrato revisto das contrapartidas, na posse do Ministério da Economia.
"O Estado não é uma virgem enganada por um malandro que a enganou", sintetizou Godinho de Matos, explicando que com a reparação do dano, por via do novo contrato revisto, a acusação "evapora-se" e "extingue-se a responsabilidade penal" dos arguidos.
Os restantes advogados seguiram linhas de raciocínio semelhantes, numa sessão que ficou marcada por dificuldades em fazer a tradução das intervenções para os arguidos germânicos.
Nesta sessão inaugural do julgamento estiveram presentes nove dos 10 arguidos do processo.
O tribunal anunciou que a partir de quarta-feira haverá uma cabina para tradução simultânea, o que vai exigir a mudança da audiência para uma sala de maior dimensão.
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