EDP vai fornecer energia a cinco data centers da Merlin às portas de Lisboa
A EDP e a Merlin Properties, empresa imobiliária e de infraestruturas que opera na Península Ibérica - no desenvolvimento, aquisição e gestão de ativos imobiliários comerciais e centros de dados (através da Merlin Edged) - anunciaram esta terça-feira que acabam de assinar um memorando para a colaboração no desenvolvimento de soluções de energia renovável para alimentar o novo campus de data centers que a Merlin está a desenvolver em Portugal. O projeto ficará localizado no concelho de Vila Franca de Xira, a cerca de 20 quilómetros de Lisboa.
A colaboração entre as duas empresas, agora acordada, prevê que a EDP venha a implementar um projeto de energia solar descentralizada com uma capacidade instalada até 100 megawatts-pico (MWp), que virá a ser o maior projeto do género no país e também o maior da EDP a nível global. Além disso, este projeto de centrais solares para autoconsumo dos futuros data centers da Merlin será complementado por "outras soluções de fornecimento de energia a longo prazo, permitindo que o projeto tenha acesso a eletricidade renovável 24 horas por dia, 7 dias por semana", referem as empresas em comunicado.
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A EDP e a Merlin referem ainda que tanto o centro de dados como os projetos de energias renováveis estão a ser desenvolvidos em paralelo, para que o fornecimento de energia renovável seja assegurado desde o primeiro dia de funcionamento do campus. "Em Portugal, este é o primeiro data center em que instalaremos um projeto de energia solar descentralizada. É um projeto de grande dimensão e estamos a iniciar conjuntamente os trâmites de licenciamento necessários junto das entidades governamentais – esta é uma etapa critica para este projeto se converter num acordo firme. À medida que a construção do campus for avançando, poderemos encontrar outras formas de fornecimento de energia renovável para satisfazer os objetivos de descarbonização do polo tecnológico", explicou ao Negócios António Araújo, administrador da EDP Comercial.
O responsável diz ainda que a EDP planeia construir este projeto em terrenos próximos das instalações do centro de dados, contando com uma linha direta de abastecimento ao campus para autoconsumo de toda a produção renovável gerada. O desenho do projeto ainda está em desenvolvimento, assim como o número de painéis e a potência unitária de cada um deles.
Tal como já tem vindo a repetir, o CEO da EDP, Miguel Stilwell, considera que os centros de dados são uma oportunidade de negócio para a elétrica, em portugal e em todo o mundo. "A rápida expansão da inteligência artificial está a fomentar o aumento global no desenvolvimento de centros de dados. Estas infraestruturas de grande escala requerem um fornecimento de energia robusto, fiável e acessível - acelerando ainda mais a procura de projetos de energias renováveis. A Península Ibérica está especialmente bem posicionada para liderar este crescimento, graças às suas fortes capacidades, recursos renováveis abundantes e preços de energia competitivos", refere o responsável, citado no mesmo comunicado.
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Stilwell garante ainda que "os novos centros de dados da Merlin Edged serão "alimentados por uma fonte de energia renovável, eficiente e fiável", fornecida pela EDP. A empresa conta já com mais de 15 GW em contratos de energia renovável de longo prazo (Power Purchase Agreements), com empresas do sector tecnológico (mais de 20% dos contratos), mas não só. Em projetos solares descentralizados, a EDP já contratou mais de 3 GWp. "Até ao momento, já fechámos mais de 3 GW de PPAs globalmente com empresas tecnológicas e estamos a desenvolver mais de 2 GW de ligações de rede para centros de dados ou projetos semelhantes", reforça António Araújo.
Cerca de 15% dos PPA fechados pela EDP globalmente são para projetos em desenvolvimento ou operação na Europa. Somando todos os contratos de longo prazo com clientes empresariais em Portugal, a energia fornecida é de cerca de 500 GWh/ano. "Temos PPAs assinados com empresas de todas as regiões onde operamos – Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia-Pacífico. Estes contratos de longo prazo têm sido assinados com algumas das maiores multinacionais, em alguns casos em várias geografias em simultâneo, mas também localmente com empresas-chave em cada mercado. Os Estados Unidos são o país onde temos mais PPAs assinados, por ser um mercado muito grande e também o mais maduro neste tipo de contratos. No entanto, Europa e Ásia Pacífico têm tido um crescimento bastante expressivo nos últimos anos", salienta o administrador da EDP Comercial.
E adianta que a EDP tem registado uma enorme procura por este tipo de contratos por empresas de variadíssimos setores, incluindo outras utilities, empresas de serviços públicos, centros de dados, empresas de comércio e retalho ou farmacêuticas. Mais recentemente, outras indústrias eletrointensivas têm também passado a ter maior peso na carteira de clientes.
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Por seu lado, Ismael Clemente, CEO da Merlin, frisa que esta parceria com a EDP vai ajudar a "posicionar Portugal como um mercado de referência na área dos centros de dados". "Estamos perante um mercado em claro crescimento, impulsionado pela rápida evolução tecnológica e pelo elevado consumo digital. Este facto aumentou acentuadamente a procura de centros de dados, num contexto de escassez de oferta que exige um desenvolvimento ágil e responsável. O desafio é fazê-lo de forma sustentável e eficiente, num sector tradicionalmente intensivo na utilização de energia e água", referiu o responsável.
Em outubro de 2024, a Merlin Properties anunciou o arranque das obras para fazer nascer um campus de data centers para inteligência aritfical com uma potência de 180 MW em Vila Franca de Xira. A construção terá várias fases, estando previsto que a primeira unidade esteja operacional em 2027. O campus ficará situado ao lado da estação ferroviária de Castanheira do Ribatejo e contará com cinco data centers, projetados para fornecer 180 MW, utilizando 100% de energia renovável.
"Portugal sempre foi um mercado estratégico para a Merlin, representando uma parte significativa do nosso portefólio, com ativos no valor de cerca de 1,2 mil milhões de euros em escritórios, logística e centros comerciais. Estes data centers irão colocar Portugal numa posição de destaque", disse na altura Ismael Clemente. A empresa planeia aumentar a capacidade do complexo, com o objetivo de atingir até 300 MW.
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