Governo volta a dar mais tempo para construir centrais solares dos leilões de 2019 e 2020

A decisão surge num despacho conjunto assinado pela secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, e pelo secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, quando faltam cerca de 15 dias para as leigislativas de 10 de março.
Pedro Ferreira
Bárbara Silva 22 de Fevereiro de 2024 às 19:16

Os primeiros leilões de energia solar realizaram-se em Portugal já há cinco anos, em 2019, mas muitos dos projetos que daí resultaram ainda não saíram do papel. Por causa disso, o Governo voltou agora a dar mais tempo aos promotores - um período extra de 10 meses adicionais - para que possam concluir as centrais solares fotovoltaicas que se comprometeram a construir.

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A decisão surge num despacho conjunto assinado pela secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, e pelo secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, quando faltam cerca de 15 dias para as legislativas de 10 de março. Há um ano, em fevereiro de 2023, o Governo já tinha prolongado o prazo por mais 12 meses, a que somam agora estes 10 meses extra. 

Diz o despacho agora publicado no site da Direção Geral de Energia e Geologia que vários promotores "têm vindo a solicitar a prorrogação dos prazos relacionados com estes projetos", mesmo com as extensões já anteriormente concedidas. A "culpa" é do "atual contexto geopolítico" - agravado por um contexto de elevada inflação -, que se tem traduzido em "dificuldades nas cadeias de abastecimento, escassez de matérias-primas, atrasos na produção e distribuição de equipamentos, falta de recursos humanos e dificuldades nos licenciamento, em particular de operações urbanísticas".

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Para contornar estes problemas, o "atual Governo" dá conta neste despacho de que "estava a desenvolver diferentes iniciativas legislativas" para os resolver, "que agora transitam para decisão do próximo Governo".

"É fundamental assegurar a continuidade da execução dos procedimentos, sem ir além do estritamente necessário, por forma a não comprometer a liberdade de decisão e atuação do novo Governo", refere o despacho assinado pelos dois secretários de Estado, que estão prestes a abandonar as suas pastas. O documento justifica, por isso, a necessidade de conceder uma "nova prorrogação excecional" dos prazos. 

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No mesmo dia, o Conselho de Ministros decidiu também prolongar o prazo das medidas excecionais aprovadas em 2022 (durante dois anos) para simplificação dos procedimentos de produção de energia renovável, como a redução da necessidade de avaliação de impacte ambiental (AIA) fora de áreas sensíveis. O prazo de vigência destas medidas terminava no próximo mês de abril de 2024.

"Com esta alteração pretende-se assegurar os progressos alcançados no âmbito destas medidas, bem como a relevância que as mesmas assumem para alcançar os objetivos estabelecidos a nível nacional e europeu, nomeadamente no que respeita à redução da dependência de energias fósseis e à aceleração da transição energética", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

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O diploma publicado em Diário da República, em abril de 2022, determinou a simplificação dos procedimentos de produção de energia a partir de fontes renováveis, reduzindo a necessidade de AIA fora de áreas sensíveis, entre outras medidas. Ou seja, a avaliação dos projetos passou a ser feita caso a caso, sendo que fora das áreas sensíveis a APA só tem de se pronunciar quando haja indícios de "impactes significativos no ambiente".

Além disso, e para acelerar "a entrada em exploração dos centros eletroprodutores de fontes de energia renováveis, instalações de armazenamento, unidades de produção para autoconsumo", o Governo dispensou, para efeitos da entrada em exploração, "a prévia emissão de licença de exploração ou de certificado de exploração a emitir pela Direção-Geral de Energia e Geologia, desde que o operador de rede confirme a existência de condições técnicas para a ligação à Rede Elétrica de Serviço Público.

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