Moody’s: "Crash" no preço do petróleo abre a porta a concentração no setor

A forte quebra nos preços do petróleo pode fragilizar algumas empresas petrolíferas cuja situação financeira já era mais vulnerável e aguçar o apetite dos "players" mais sólidos por fusões e aquisições, indica a Moody’s.
Pedro Curvelo 10 de Março de 2020 às 17:02

A forte quebra nos preços do petróleo após o anúncio da Arábia Saudita de que irá aumentar a produção de crude pode fragilizar algumas empresas petrolíferas cuja situação financeira já era mais vulnerável e aguçar o apetite dos "players" mais sólidos por fusões e aquisições, apontam os analistas da agência de notação Moody’s num relatório publicado esta terça-feira.

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No passado domingo, 8 de março, a Arábia Saudita anunciou que iria aumentar a sua produção de crude a partir de abril e oferecer descontos a clientes, num esforço para pressionar a Rússia a aceitar a redução na produção de petróleo proposta pela OPEP.

Na segunda-feira os preços do petróleo chegaram a cair mais de 30% e o impacto fez-se sentir nas bolsas de todo o mundo, com numerosas praças a registarem o dia mais negro em pelo menos 12 anos.

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A Moody’s considera que "as quebras atuais nos preços são menos severas do que a queda registada em 1915-16 e não as vemos como uma mudança estrutural, nesta altura". "Antecipamos que as empresas do setor de ‘oil & gas’ irão gerir de forma ativa a sua liquidez este ano, reduzindo as despesas de capital e potencialmente diminuir ou suspender a distribuição de dividendos", assinala o documento.

O impasse entre a OPEP e a Rússia afasta os investidores dos ativos com maior risco, aumentando as dificuldades em empresas do setor com ‘ratings’ de nível especulativo de acederem ao mercado da dívida. Ainda assim, a Moody’s considera "improvável" uma onda de cortes de ratings a empresas no setor.

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Fruto do surto do coronavirus e agora o "choque petrolífero" vindo de Riade, a Moody’s considera que a anterior estimativa entre 50 e 70 dólares para o preço do barril de West Texas Intermediate (WTI), de referência nos EUA, não será atingida. Os analistas preveem uma ligeira recuperação nos preços no final deste ano, assumindo que o surto do coronavírus será contido e a atividade económica começará a normalizar, mas insuficiente para que o preço médio do crude em 2020 não se situe significativamente abaixo da média de 57 dólares por barril de WTI observada em 2019.

A Moody’s indica que as empresas de exploração e produção petrolífera são as mais expostas à redução dos preços do crude. As companhias com rating de B1 ou inferior, com dívida elevada serão as mais vulneráveis.

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Já as empresas com melhor rating deverão suportar mais facilmente o choque de preços temporário e poderão sentir-se tentadas a avançar para fusões e aquisições das companhias em maiores dificuldades.

A Moody’s aponta que as empresas de refinação deverão obter menores lucros, fruto da contração da procura pelo efeito do coronavírus. A redução dos preços não deverá desencadear um acréscimo de procura suficiente para compensar a redução decorrente da menor atividade económica.

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