De milhares a milhões, como tem disparado a fatura nas empresas
O presidente da CIP tem mantido o diálogo com o Governo e “em breve surgirão novas medidas que estão ainda a ser negociadas com os parceiros sociais, de proteção aos setores mais afetados”.
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Em dezembro de 2019, uma empresa da indústria cerâmica pagava uma fatura de eletricidade mensal perto dos 300 mil euros, que entretanto aumentou, em julho de 2022, para os 2,25 milhões de euros (valores sem IVA). Um valor oito vezes mais alto para o mesmo período de 30 dias, em menos de três anos. Outra empresa, do mesmo setor, viu a sua conta disparar de 170 mil para cerca de um milhão de euros entre junho de 2019 e o mesmo mês deste ano. Uma fatura que multiplicou o seu valor por seis. Os casos são reais e foram sinalizados ao Negócios pela própria APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica. "As empresas têm aguentado este descalabro já há alguns meses, mas está, sem dúvida, ameaçada a sobrevivência de muitas empresas e dos seus muitos postos de trabalho, que no total ascendem a cerca de 19 mil trabalhadores", disse José Luís Sequeira, que foi presidente da APICER até 15 de setembro, tendo sido substituído no cargo por José Pratas. De acordo com o responsável, no passado, o peso da energia nos custos totais das empresas cerâmica variava entre os 25% e os 45%, conforme os vários subsetores, sendo "obviamente muito relevante o aumento destes preços", que atira a carga da energia no pacote de custos para os 60 a 75%. A APICER revelou ainda ao Negócios os valores de outras faturas de empresas cerâmicas, que passaram de 17,5 mil para quase 50 mil euros, ou de 250 mil euros para 1,1 milhões de euros, entre 2019 e 2022.
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