Calçado vai às escolas atrair jovens para a “indústria mais sexy da Europa”
A falta de trabalhadores é sinalizada por vários setores em Portugal, incluindo o do calçado. Ainda no último boletim trimestral de conjuntura da associação daquela que se apresenta como a "indústria mais sexy da Europa" (APICCAPS), mais de metade das empresas referia a escassez de mão de obra como uma das suas principais limitações.
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Ora, segundo da Comissão Europeia, a indústria europeia da moda vai precisar de 500 mil novos trabalhadores. Uma necessidade que afectará, em particular, países como Espanha, França, Itália e Portugal, sendo o diagnóstico comum a outros setores.
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A indústria portuguesa de calçado estima que vai precisar de 7.500 novos trabalhadores até ao final da década, um cálculo que tem em conta os atuais com mais de 55 anos e que deverão reformar-se até lá.
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"Consciente dessa realidade, a indústria portuguesa do calçado, através da APICCAPS, antecipa cenários futuros e está a empreender um ‘Roteiro do Conhecimento’ pelas escolas, de modo a preparar as gerações do futuro e atrair uma nova geração de talento", anuncia a associação liderada por Luís Onofre, esta quarta-feira, 10 de maio.
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Nas zonas de forte concentração da indústria de calçado, a APICCAPS identificou 86 escolas em Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira que serão alvo de iniciativas pedagógicas.
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Numa primeira fase, as iniciativas dirigem-se aos alunos do 1.º ciclo e pretendem "divulgar o potencial da indústria do calçado", "valorizar o território e atividades locais" e "potenciar a indústria local"., devendo os alunos do 2.º e 3.º ciclo serem abordados a partir de setembro.
Com uma duração prevista de três anos, este "Roteiro do Conhecimento" enquadra-se no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 que pretende transformar a indústria de calçado na "referência internacional e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva".
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Para a APICCAPS, "continua a existir na sociedade um conjunto de estereótipos relacionados com os setores industriais que importa desmistificar. Ainda que não seja um problema exclusivamente português, há um trabalho de proximidade a desenvolver", reconhece, sinalizando que "as autarquias das zonas de forte concentração da indústria de calçado serão autênticas parceiras deste Roteiro do Conhecimento e desempenharão um papel de grande relevância no desenvolvimento da programação pedagógica".
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A fileira do calçado é composta mais de 1.200 empresas e emprega 40.730 trabalhadores, tendo em 2022 criado 3.259 postos de trabalho, o que traduz um crescimento de 8,7% face ao ano anterior.
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No ano passado, Portugal vendeu ao estrangeiro 76 milhões de pares de calçado, tendo superado, pela primeira vez, os dois mil milhões de euros, mais 20,2% do que no ano anterior.
"À medida que o setor evolui para novos patamares de exigência, aumenta igualmente a necessidade de contratação de colaboradores cada vez mais qualificados", afirma a APICCAPS.
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Daí que, para além do desenvolvimento de iniciativas em ambiente escolar e junto dos centros de formação, a APICCAPS irá promover "ações de rua e uma campanha em ambientes digitais mais próximos dos alunos".
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Paralelamente, a associação pretende também promover "uma colaboração mais estreita com os ‘stakeholders’" e aprofundar com o Centro Tecnológico do Calçado "o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas mais amigáveis e capazes de atrair as gerações do futuro".
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