OPA da Bondalti sobre 100% da Ercros com "luz verde" da concorrência espanhola
A Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC) autorizou a oferta pública de aquisição (OPA) de 100% das ações da Ercros apresentada pela Bondalti, anunciou, esta quinta-feira, a empresa química do Grupo José de Mello.
Em comunicado, a Bondalti explica que a oferta obteve a autorização da CNMC, "sujeita a compromissos", os quais não detalha mas descreve como "exigentes", após "um longo e complexo processo, entrando nas fases finais, dependentes da aprovação da CNMV".
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"A CNMC considera que os compromissos apresentados pela Bondalti durante a segunda fase da investigação são adequados, suficientes e proporcionais para solucionar os problemas de concorrência", refere o regulador em comunicado.
Segundo explica a Bondalti, o Ministério da Economia dispõe agora de 15 dias úteis para decidir se remete ou não a operação ao Conselho de Ministros. Caso a remeta, "o Conselho de Ministros terá um mês para tomar uma decisão com base em critérios de interesse geral distintos da defesa da concorrência". Depois deste processo - de não remessa ou decisão do Conselho de Ministros - a resolução da CNMC tornar-se-á definitiva, detalha.
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A oferta feita pela Bondalti é de 3,505 euros em dinheiro por cada ação da Ercros, o que representa um prémio de 40,6% (incluindo dividendos distribuídos) sobre o preço de negociação no fecho do mercado no dia anterior ao anúncio da oferta pública de aquisição (2,56 euros em 5 de março de 2024) e 39,3% sobre o preço médio ponderado pelo volume do último mês (2,52 euros).
Feitas as contas, a oferta avalia o grupo espanhol, que é especializado na produção e venda de produtos químicos, em aproximadamente 320 milhões de euros.
A operação carece ainda do aval pela CNMV do prospeto e da documentação correspondente, pelo que, uma vez aprovada será publicado o anúncio da oferta e, posteriormente, iniciado o período de aceitação.
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A OPA, lançada em março de 2024, "está condicionada à aceitação de 75% do capital, o que permitirá uma integração efetiva", sendo o objetivo da Bondalti, uma vez concluída a operação, "promover a exclusão das ações da Ercros da Bolsa de Valores".
"Esta operação contribuirá para a criação de um líder ibérico europeu mais resiliente, com escala suficiente para poder competir num setor que enfrenta grandes desafios, incluindo a concorrência internacional, a transição energética, a transformação digital e o quadro regulamentar", realça a Bondalti que está em Espanha há mais de 20 anos.
As ações da Ercros caíram 1,7% esta quinta-feira para os 2,595 euros, colocando nos 237,3 milhões de euros a capitalização bolsista da empresa espanhola que fechou o primeiro semestre com prejuízos de 29 milhões de euros.
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A Bondalti Ibérica ficou sozinha na corrida pela química com sede em Barcelona depois de, no verão, os italianos da Esseco terem desistido da OPA que lançaram posteriormente em que se dispunham a pagar 3,84 euros por cada título (ou seja, mais 6,7% do que a empresa portuguesa). Os italianos revelaram que deixaram de ter interesse no negócios face aos "remédios" após analisar as condições impostas pela autoridade da concorrência espanhola para dar "luz verde" à operação.
Os acionistas da Ercros consideram, no entanto, que tanto a OPA da Bondalti como a da contra-proposta italiana, subestimavam o valor da empresa.
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