Dona do “rei dos cogumelos” compra 51% da Bolseira por 9,5 milhões aos irmãos Tribuna
A capital de risco CoRe adquiriu o controlo da empresa aveirense de sacos de papel de baixa gramagem, que tem 65 trabalhadores e vai duplicar a produção para reforçar as exportações de 78%. Ambição: triplicar as vendas para mais de 30 milhões de euros.
No dia 27 de dezembro passado, a CoRe Capital acionou o seu fundo de capital de risco Core Consolida para investir na Bolseira – Embalagens, através de um aumento de capital da empresa, passando a deter o controlo da produtora de sacos de papel de baixa gramagem, que está sediada na Zona Industrial de Mamodeiro, no sul do concelho de Aveiro.
O fundo gerido pela CoRe Capital investiu 9,5 milhões de euros para passar a deter 51% da Bolseira, confirmou fonte oficial da capital de risco ao Negócios.
Os três irmãos Tribuna - Carlos Fernando, José Eduardo e Helena Sofia Tribuna -, que detinham 100% do capital da Bolseira, vão manter-se na gestão, que passará a ser liderada pela CoRe Capital.
"Será um privilégio trabalhar com os três irmãos, empresários com visão e vontade de crescer que viram neste investimento as virtudes do ‘smart money’", afirma Martim Avillez Figueiredo, sócio da CoRe Capital e que assumiu a presidência do conselho de administração da Bolseira, empresa que emprega atualmente 65 pessoas.
A exportar 78% da sua produção, sobretudo para França, a Bolseira pretende duplicar a produção e, com a entrada em novos mercados, triplicar as vendas.
"Com as novas aquisições e o investimento em novas máquinas, a CoRe e a família Tribuna contam aumentar em breve a dimensão da Bolseira saltando para faturações acima dos 30 milhões de euros e EBITDA’s superiores a seis milhões de euros", promete a nova dona da empresa, em comunicado.
O objetivo desta tomada da Bolseira "é consolidar um setor atomizado feito de pequenas PME nacionais e transformá-lo numa indústria alinhada com as tendências europeias de redução do plástico", explica a CoRe Capital.
A capital de risco "identificou um grande potencial de crescimento" nesta empresa de Aveiro, tendo em conta que "a indústria das embalagens de papel representa mil milhões de euros de vendas em Portugal, 18 biliões de euros no mundo e, de acordo com a Statista, vai crescer a um ritmo de 11% ao ano até 2030, acompanhando a tendência internacional de desplastificação", realça.
CoRe quer colocar a Bolseira no top 20 da rentabilidade das empresas ibéricas
"Este investimento tem o objetivo de fazer crescer a operação através de crescimento orgânico e de aquisições, tendo o investimento da CoRe capitalizado a empresa para, rapidamente e via consolidação, ganhar a escala que tanta falta faz às PME nacionais", considera Martim Avillez Figueiredo.
"Atualmente é França o principal mercado da Bolseira: o nosso objetivo é colaborar com os irmãos Helena, Fernando e José Tribuna para darmos corpo à sua visão de crescimento em Portugal e na Europa, nomeadamente em Espanha e alcançar em breve a escala que coloque a empresa no top 20 da rentabilidade das empresas ibéricas", sinaliza Figueiredo, frisando que "o mercado de Espanha tem empresas de grande dimensão, mas de pouca customização e margens baixas".
De resto, assinala, "o acesso em Portugal ao investimento de capital de risco – indústria que é responsável por mais de 6% do PIB nas maiores economias do mundo – dá finalmente à indústria portuguesa a oportunidade de crescer e consolidar-se, beneficiando do ‘know-how’ histórico de empresárias e empresários que sabem como fazer e têm a ambição de fazer mais e melhor".
O CoRe Consolida, que é financiado pelo Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) através do Banco Português de Fomento, é um fundo de investimento em PME de 74,5 milhões, dos quais 25 milhões são capital privado.
Consolida Bolseira após a Palsystems, Purever e Portugal Senior Health Care
Desde o final de 2023 que a CoRe - que é liderada por Nuno Fernandes Thomaz, Martim Avillez Figueiredo, Pedro Araújo e Sá e Pedro Soares David – tem vindo a apostar na indústria portuguesa via CoRe Consolida.
Através deste fundo, investiu em empresas como a Palsystems, sediada em Viseu e que produz, comercializa e exporta paletes de madeira; na Purever, empresa nacional especializada em produtos de refrigeração e em painéis e portas de isolamento para a indústria alimentar, farmacêutica, hospitalar e eletrónica; ou na Portugal Senior Health Care (PSHC), empresa de residências assistidas e para a terceira idade.
Fundada em 2018, a CoRe ficou conhecida em Portugal desde que passou a controlar a Varandas de Sousa, a maior produtora portuguesa de cogumelos, que resgatou da falência há quatro anos.
De resto, os seus fundos de capital de risco investiram sobretudo na indústria transformadora, como foram os casos da Electrofer, unidade de metalomecânica da Marinha Grande que foi mais tarde vendida à Metalogalva, empresa do VigentGroup; e a A Jayme da Costa, do setor elétrico e de engenharia, a qual, depois do processo de recuperação operado pela CoRe, foi vendida à Visabeira.
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