Navigator refuta acusações do sindicato, mas admite 25 saídas por reorganização industrial
Do total de 125 saídas ocorridas ou previstas até final de 2025, apenas 25 resultam da reorganização industrial em curso, nas unidades de Setúbal e Figueira, diz a Navigator, apontando que as restantes dizem respeito a situações de mútuo acordo.
A Navigator refuta as acusações, que descreve como "falsas", por parte da União dos Sindicatos de Setúbal da CGTP-IN que a acusou de exercer pressão para a saída de 54 trabalhadores, mas admite que 20% das saídas ocorridas ou previstas para 2025 resultam de uma "reorganização industrial em curso", nas unidades de Setúbal e Figueira.
Luís Leitão, dirigente sindical, denunciou, em declarações à Lusa, a 14 de maio, que dos 54 funcionários da produtora de pasta e papel em Setúbal em causa (30 da fábrica de Setúbal e 24 da unidade da Figueira da Foz) 39 já teriam assinado os acordos para a rescisão do contrato por mútuo acordo.
Em comunicado, enviado esta sexta-feira, dia 23, às redações, a Navigator contesta as alegações da CGTP desde logo porque "confudem situações distintas - adesões voluntárias ao programa de rejuvenescimento e saídas enquadradas em acordos individuais ou reorganizações específicas —, dando a entender uma realidade que não corresponde aos factos".
"No universo da Navigator em Portugal, registaram-se, até à data, 84 saídas de colaboradores em 2025, motivadas por situações de mútuo acordo, não renovação de contrato, reforma, rejuvenescimento, por iniciativa do colaborador e falecimento. Estes dados refletem a dinâmica natural de uma organização com mais de 3.000 trabalhadores, em que a mobilidade de talento ocorre por múltiplos fatores", refere, acrescentando que "as saídas previstas até final do ano de 2025 abrangem 41 colaboradores".
"Do total de 125 saídas ocorridas ou previstas até final de 2025, apenas 25 resultam da reorganização industrial em curso, nas unidades de Setúbal e Figueira, sendo que o número de colaboradores efetivamente abrangidos é substancialmente inferior aos 54 mencionados publicamente", justifica.
Essa reorganização - explica - decorre da "nova realidade do mercado, nomeadamente com a reorientação da produção para segmentos de embalagem sustentável, que é comercializada em bobines, o que diminui a necessidade de mão de obra nas operações de transformação e embalamento de papel".
Neste ponto, a Navigator destaca que, "ao contrário de outros operadores do setor que optaram por encerramentos definitivos de unidades, a Navigator manteve o seu compromisso com o emprego, reconvertendo capacidades industriais mais antigas e investindo no desenvolvimento de novos segmentos como o tissue, o papel de embalagem e celulose moldada, criando novos postos de trabalho".
"Esta transformação, relacionada com fatores exógenos ao setor, como o aumento estrutural dos custos energéticos na Europa, acentuado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e a crescente volatilidade dos mercados, implica uma gestão estratégica do talento. Este processo difícil tem sido conduzido de forma responsável, com foco na requalificação e valorização de colaboradores, criando condições para que os profissionais com melhor desempenho possam ser treinados pela Empresa para desempenhar novas funções".
Não obstante, a Navigator argumenta que tem vindo a reforçar as suas equipas, indicando que, "entre maio de 2024 e maio de 2025, foram criados 65 novos postos de trabalho (líquidos de saídas) nas unidades nacionais, nomeadamente nos novos negócios de tissue e celulose moldada nas unidades de Vila Velha de Ródão e Aveiro, respetivamente, fábricas geograficamente distantes das unidades que produzem papel de impressão e escrita e em que ocorre a reestruturação da nossa produção".
No comunicado, a empresa desenvolve ainda sobre o programa de rejuvenescimento, que tem em curso desde 2014 e que descreve como "único e inovador no setor", destinado a colaboradores com longas carreiras, especialmente em regime de turnos, o qual permite a adesão voluntária para a saída antecipada da vida ativa, "com condições compensatórias atrativas".
"Desde a sua criação, o programa já contou com a adesão de 681 colaboradores, dos quais 356 desde 2020, sendo que a maioria desempenhava funções em regime de turnos. Esta iniciativa constitui uma forma concreta de reconhecer o impacto acumulado de décadas de trabalho exigente e é possível graças à política retributiva da empresa, significativamente acima da média nacional, e ao acesso a um fundo de pensões financiado pela Navigator, disponível para os colaboradores reformados", realça.
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