Encerramento da televisão grega divide coligação. Trabalhadores desafiam governo de Samaras
O jornal grego “Kathimerini” relata que os trabalhadores da televisão grega continuam nas instalações da sede da ERT, situada no norte de Atenas, e que milhares de pessoas continuam concentradas cá fora em protesto contra a decisão do governo.
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Esta terça-feira, pouco antes da meia-noite, o sinal da estação pública foi desligado por ordem do Governo. O Executivo afirma que esta decisão se deve aos elevados custos operacionais e à falta de transparência da empresa mas visa também cumprir o objectivo de reduzir o número de funcionários públicos em 15 mil até ao final do ano, tal como ficou definido com a troika. Na ERT trabalham, actualmente, 2.800 pessoas que, segundo o porta-voz do Governo, serão compensadas pela perda do posto de trabalho.
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Simos Kedikoglou esclareceu, porém, esta quarta-feira que a decisão do Governo não está ligada ao programa de ajuda externa. O Comissário Europeu Olli Rehn afirmou também que esta decisão foi tomada em "total autonomia" pelo Executivo de Samaras. Em comunicado, Bruxelas refere que "tomou nota" da decisão e defendeu a existência de um serviço público de televisão.
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A decisão de Antonis Samaras desagradou totalmente aos parceiros de coligação. PASOK e Esquerda Democrática já garantiram que vão votar contra no Parlamento e pediram uma reunião de emergência com o primeiro-ministro. “Estamos totalmente em desacordo da decisão [de encerrar a ERT] e com a forma como o Governo lidou com esta situação”, afirmou o socialista Pasok num comunicado, citado pela agência Bloomberg.
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O segundo partido mais votado nas últimas eleições legislativas também já reagiu ao encerramento da estação pública, classificando-o como um “golpe” dirigido não só aos trabalhadores da ERT mas a toda a população grega. “A estação pública é uma questão de democracia”, afirmou Alexis Tsipras em comunicado, citado pela Bloomberg. O líder do Syriza disse ainda que já falou o Presidente da República, Karolos Papoulias, e que este se mostrou “perturbado” com a decisão. Os dois responsáveis estiveram reunidos esta manhã e no final do encontro Papoulias afirmou que a Constituição grega não lhe permite opor-se à decisão do Governo. O Chefe de Estado defendeu, no entanto, que o país deve ter uma estação pública de televisão.
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Trabalhadores desafiam decisão do Governo
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A agência de notícias ANA avança, segundo a Lusa, que o Governo grego tenciona recorrer à polícia para evacuar o edifício da emissora pública ERT, onde se encontram centenas de trabalhadores.
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"O Governo anunciou que vai enviar a polícia para evacuar o edifício", disse Dimitra Letsa, da agência ANA/MPA, que em declarações à Lusa, por telefone, explicou que, para o Governo de Atenas o edifício pertence agora ao Ministério das Finanças, pelo que qualquer pessoa que se mantenha no interior estará a invadir o edifício e será levada à justiça.
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Segundo Dimitra Letsa, também a emissão por Internet foi cortada às 10h00 (08h00 em Lisboa), pelo que o sinal da emissora pública "agora está completamente apagado".
O sindicato dos jornalistas convocou uma manifestação em frente ao edifício da ERT para hoje às 12h00, disse à Lusa Dimitra Letsa, que se diz "chocada" com o encerramento da emissora.
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"Ficámos todos chocados com o anúncio. Não é segredo que a emissora pública precisa de reorganização e poderia haver uma restruturação e um corte nas despesas, mas encerrar a emissora pública é uma medida dramática que não encontra apoio junto dos jornalistas e da sociedade em geral", disse.
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Mensagens de apoio à emissora chegaram de todo o mundo, provenientes da diáspora grega, para quem a ERT é uma ligação vital ao seu país, e o encerramento foi também condenado pelo líder da Igreja Ortodoxa grega. A emissora estatal foi "violentamente" encerrada e milhares de funcionários da ERT estão a ser "sacrificados" para pagar décadas de administração danosa.
O presidente da European Broadcasting Union (EBU), que representa todas as estações públicas da Europa, já manifestou a sua “consternação” com a decisão do Governo grego. Jean Paul Philippot e Ingrid Deltenre, directora-geral da EBU, escreveram uma carta ao primeiro-ministro grego onde reconhecem a “necessidade de realizar cortes orçamentais” mas onde defendem também que, “em tempo de dificuldades nacionais, as emissoras públicas são mais importantes do que nunca”.
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(Notícia actualizada às 11h01 com mais informações)
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