O adeus ao homem que ainda tinha “muita coisa para fazer”

Velório de Pinto Balsemão encheu os Jerónimos, onde várias centenas se despediram de quem batalhou para mudar o país. “Não me apetecia morrer porque ainda tenho muita coisa para fazer”, dizia com ironia.
Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro chegam juntos ao velório de Francisco Pinto Balsemão
Luís Manuel Neves
Inês Pinto Miguel 22 de Outubro de 2025 às 20:42

Vestiu a farda militar, foi jornalista, primeiro-ministro, fundou o Expresso e inaugurou a televisão privada em Portugal. Mas Francisco Pinto Balsemão sempre sonhou com a liberdade. O velório do ‘pai’ da televisão privada decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, que se vestiu com flores e revestiu das lágrimas, abraços e homenagens das várias centenas que fizeram questão de estar presentes.

Jovens e adultos, amigos da família e conhecidos, reuniram-se no Mosteiro dos Jerónimos para prestar as condolências à esposa e aos cinco filhos. As lágrimas iam caindo e com elas os abraços multiplicavam-se em jeito de amparo.

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Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro entraram juntos e estiveram mais de 30 minutos dentro da igreja, onde já se encontrava a família de Pinto Balsemão. À entrada um aplauso solitário - que Marcelo pediu para silenciar - e não se repetiu à saída da dupla.

A porta do Mosteiro dos Jerónimos só tinha hora de encerrar às 22 horas, mas meia hora depois do arranque das cerimónias fúnebres a fila já quase chegava ao jardim e ia crescendo, fazendo prever que o horário de fecho não se iria cumprir. À medida que a multidão chegava para se despedir de Pinto Balsemão, as flores do público iam sendo levadas para as carrinhas, onde se amontoavam, cuidadosamente, para o momento da última despedida.

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi das primeiras figuras públicas a chegar mas optou pelo silêncio, juntando-se aos que estavam na fila ainda antes de as portas abrirem. Entre elas estavam caras conhecidas do grupo Impresa, amigos ou simplesmente admiradores do patrão dos media.

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Pedro Santana Lopes elogiou o homem que partiu e evocou algumas das “tantas recordações”. Apesar das divergências políticas, o antigo chefe do Governo reconhece nuca ter “conhecido ninguém como ele, que aceitasse de bom grado as opiniões contrárias dos outros”. “Vai com ele uma parte da democracia”, sublinhou.

O candidato a Belém António José Seguro descreveu Balsemão como “um homem à frente do seu tempo” e lembra que “o país lhe deve muito”. Também o antigo Presidente da República, António Ramalho Eanes, marcou presença, mas disse não estar em “condições de fazer declarações”.

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