Doze projectos em busca de investidores
Duas empresas já foram criadas e mais duas estão a surgir. Cinco anos após a sua primeira edição, o COHiTEC começa a fazer-se sentir no mercado. O programa é organizado pela Cotec, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o...
O COHiTEC procura pegar na investigação produzida nas universidades e transformá-la em negócio. Na primeira fase, escolhe quem tem potencial; na segunda, protege e valida a tecnologia, para depois se procurarem investidores. Quem concluir as duas fases com sucesso, acaba em empresa. Conheça os projectos que já foram seleccionados para a edição de 2009
Duas empresas já foram criadas e mais duas estão a surgir. Cinco anos após a sua primeira edição, o COHiTEC começa a fazer-se sentir no mercado. O programa é organizado pela Cotec, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da North Carolina State University.
Os promotores do COHiTEC, desenhado para valorizar comercialmente a investigação produzida nas universidades e nos politécnicos, querem agora melhorar a média. O objectivo, depois das duas empresas criadas e das duas que aí vêm, é o de conseguir lançar pelo menos uma empresa por ano. "Estamos cada vez mais próximos desse objectivo", refere o director-geral da Cotec, Daniel Bessa.
Quanto a prazos para o lançamento das duas novas empresas, ainda há poucos dados. Pedro Vilarinho, da Cotec, avança que uma destas empresas será seguramente lançada ainda este ano, enquanto a outra terá que ser alvo de mais trabalho. Sobre os detalhes destes projectos empresariais, a Cotec reserva informações para mais tarde.
Investimento de 14 milhões
No que toca às duas empresas já criadas a partir do COHiTEC, vão ser alvo de investimentos totais a rondar 14 milhões de euros. A CEV, criada em 2007 a partir do COHiTEC, foi o primeiro projecto empresarial a sair do programa. A criação da empresa beneficiou do investimento de 12,4 milhões de euros provenientes de três parceiros: Change Partners, Promotor e Cofina. O segundo negócio chama-se "Advanced Cyclone Systems" (ACS). Criada recentemente, a empresa beneficiou de um apoio de 1,5 milhões de euros da Espírito Santo Ventures.
Este ano, o COHiTEC chegou à sexta edição e contou com o envolvimento do ISCTE e da EGP - University of Porto Business School. O Negócios apresenta-lhe os doze potenciais negócios saídos de diversas universidades e que concluíram a primeira fase do COHiTEC. Quem sabe se não estará aqui uma nova empresa a sair do programa.
O Cyclotec é um projecto de negócio que remete para a medicina nuclear e apresenta uma tecnologia que permite "uma redução drástica da quantidade de lixo radioactivo produzido" e "uma maior confiabilidade do processo de abastecimento" de um certo isótopo usado nos departamentos de medicina nuclear. Os três promotores do projecto vêm do Instituto Politécnico do Porto e a tecnologia que desenvolveram poderá dar origem a um negócio capaz de vender mais de 10 milhões de euros no sexto ano. No que toca à tecnologia, a explicação não é simples, pelo que se exige cuidado na leitura. Mais de 90% do crescente número de exames realizados em medicina nuclear utiliza um isótopo de nome complicado como marcador. O isótopo chama-se "tecnécio-99 metaestável", mas será referido daqui em diante apenas como "isótopo", para simplificar. A produção mundial deste isótopo depende "apenas de cinco reactores nucleares, todos da década de 60, obsoletos e sujeitos a avarias cada vez mais frequentes". Como consequência, e entre outros efeitos, os exames de diagnóstico saem prejudicados. A tecnologia desenvolvida pelos promotores corrige estes problemas, reduz a produção de lixo radioactivo e torna mais fiável o processo de abastecimento do isótopo. |
CYCLOTEC
Investigadores: Lídia Cunha, Luís Metello, Richard Johnson
Instituição de origem: Instituto Politécnico do Porto/IsoPor SA
Investimento inicial necessário: 1,7 milhões de euros
Payback: 2 anos
Vendas estimadas: 10,2 milhões de euros (sexto ano)
EBITDA_estimado: 7,6 milhões de euros (sexto ano)
O Cyclotec é um projecto de negócio que remete para a medicina nuclear e apresenta uma tecnologia que permite "uma redução drástica da quantidade de lixo radioactivo produzido" e "uma maior confiabilidade do processo de abastecimento" de um certo isótopo usado nos departamentos de medicina nuclear. Os três promotores do projecto vêm do Instituto Politécnico do Porto e a tecnologia que desenvolveram poderá dar origem a um negócio capaz de vender mais de 10 milhões de euros no sexto ano. No que toca à tecnologia, a explicação não é simples, pelo que se exige cuidado na leitura. Mais de 90% do crescente número de exames realizados em medicina nuclear utiliza um isótopo de nome complicado como marcador. O isótopo chama-se "tecnécio-99 metaestável", mas será referido daqui em diante apenas como "isótopo", para simplificar.
A sensibleTECH é um projecto que aponta para o rastreio da apneia do sono, condição caracterizada por paragens respiratórias durante o sono. Cerca de 5% da população ocidental sofre desta problema. Só na União Europeia, 25 milhões de pessoas padecem da doença, mas a sua grande maioria (80%) não está ainda diagnosticada. Consequência: estas pessoas estão "sujeitas a um maior risco de falência cardíaca, além de acidentes de viação e trabalho". De acordo com os investigadores, que vêm da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, "a reduzida notoridade da doença, o custo e a lista de espera para exames completos concorrem para que o tempo médio para diagnóstico atinja os oito anos". Como o segmento específico do rastreio vale mil milhões de euros na União Europeia, de acordo com os números dos investigadores, está aqui uma área de negócio a não descurar. Sendo assim, a sensibleTECHO propõe o chamado "Smart Apnea Monitor", "um dispositivo simples, barato e fiável, que permite fazer o rastreio da doença de uma forma confortável". O objectivo é tratar e diagnosticar um maior número de pessoas. O investimento inicial para fazer arrancar o negócio não chega a um milhão de euros e as vendas podem chegar aos 11 milhões no quinto ano de actividade. |
SensibleTECH
Investigadores: Filipe Peixinho e Renato Caldas.
Instituição de origem: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Investimento inicial necessário: 0,6 milhões de euros.
Payback: 3 anos.
Vendas estimadas: 11 milhões de euros (5º ano).
EBITDA estimado: n/d
A GreenCrops projecta a sua proposta para a área das culturas energéticas (culturas destinadas à produção de produtos energéticos, nomeadamente biocombustíveis e energia eléctrica e térmica produzida a partir de biomassa). Os três investigadores associados ao projecto, que vêm da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, sublinham a pertinência da GreenCrops nesta fase "em que a instabilidade dos preços do petróleo leva a um aumento da procura por biocombustíveis". E o que se propõe então? GreenCrops "são culturas energéticas - milho, soja, cana de açúcar e girassol -, cujo crescimento em solo contaminado promove a requalificação dos mesmos", através de um método desenvolvido pelos investigadores da Católica. Entre as vantagens nomeadas neste processo, a equipa indica que "os custos de produção de biomassa são 40% inferiores aos da concorrência", "a produtividade é similar à obtida em terra fértil" e "o solo pode ser utilizado durante as actividades de descontaminação". Nota para o facto deste método permitir chegar a uma redução de 90% dos custos, "comparando com os métodos convencionais". O investimento inicial para o projecto arrancar anda em torno dos dois milhões de euros. |
GreenCrops
Investigadoras: Ana Marques, Cristina Calheiros, Nadine Sousa.
Instituição de origem: Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.
Investimento inicial necessário: 2,1 milhões de euros.
Payback: 5 anos.
Vendas estimadas: 73,9 milhões de euros (10º ano).
EBITDA estimado: 17,9 milhões de euros (10º ano)
O Smart Hip é uma proposta a pensar nas pessoas com problemas de ossos e articulações, nomeadamente naquela que é a segunda articulação mais afectada - a anca. Anualmente, e falando na Europa e nos Estados Unidos, há cerca de um milhão de cirurgias da anca. Uma parte destas intervenções, de 5% a 10%, gera complicações posteriores, que podem levar a cirurgias de revisão. A investigadora Clara Frias refere que, "em prol do bem estar do paciente, torna-se necessário diminuir" estas complicações. Por isso, propõe uma tecnologia, designada "Smart Hip", que é colocado no implante. Benefícios: o Smart Hip "irá melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduz os riscos associados à cirurgia e acelera o período de recobro". |
Smart Hip
Investigadora: Clara Frias.
Instituição de origem: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto/INEGI.
Investimento inicial necessário: 62,5 milhões de euros.
Payback: 10 anos.
Vendas estimadas: 153 milhões de euros (10º ano).
EBITDA estimado: 41 milhões de euros (10º ano).
O Smart Hip é uma proposta a pensar nas pessoas com problemas de ossos e articulações, nomeadamente naquela que é a segunda articulação mais afectada - a anca. Anualmente, e falando na Europa e nos Estados Unidos, há cerca de um milhão de cirurgias da anca. Uma parte destas intervenções, de 5% a 10%, gera complicações posteriores, que podem levar a cirurgias de revisão.
A equipa por trás do projecto Tartuffo é a mesma que se encontra na base da GreenCrops, que pode ler na página anterior. Aqui, o negócio é o das trufas pretas e brancas (estas últimas são "o segundo alimento mais caro do mundo"), iguarias utilizadas nos restaurantes de maior requinte e em lojas "gourmet". O problema é que a produção da trufa, num mercado que vale 400 milhões de euros, está a cair. A Tartuffo apresenta uma tecnologia que permite produzir trufas no ambiente controlado de uma estufa. Vantagens: produtividades cinco vezes superior; possibilidade de produzir trufas fora da sua época normal. |
Tartuffo
Investigadoras: Ana Marques, Cristina Calheiros, Nadine Sousa.
Instituição de origem: Esc. Sup. de Biotec. da Católica.
Investimento inicial necessário: 7,1 milhões de euros.
Payback: 5 anos.
Vendas estimadas: 17,2 milhões de euros (10º ano).
EBITDA estimado: 15,2 milhões de euros (10º ano).
O projecto Techsuber tem por objectivo aumentar a performance dos pavimentos ou soalhos interiores dos edifício, permitindo um andar confortável e aumentar o isolamento térmico, contribuindo para a poupança de energia. Estes pavimentos são compostos por três camadas de madeira de carvalho. A primeira é a camada "Design", que combina vários materiais, permitindo um "design" exclusivo, podendo adaptar-se à estética do cliente. A segunda é a camada tecnológica, que é responsável pelas características inovadoras deste pavimento, que lhe dão uma performance superior às apresentadas no mercado. E, por último, a camada de contacto, que serve de isolante em relação ao piso de cimento do edifício. |
TechSuber
Investigadores: Helena Pereira, Sofia Knapic, Sofia Leal e João Campos.
Instituição de origem: Universidade Técnica de Lisboa
Investimento inicial necessário: 2 milhões de euros.
Payback: Três anos.
Vendas estimadas: Para o quinto ano, são de 24 milhões de euros.
O cancro do pulmão afecta todos os anos milhões de pessoas em todo o mundo. A utilização de fármacos para combater esta doença torna muitas vezes falíveis os tratamentos de quimioterapia nos casos de cancro de pulmão avançado. Desta forma, o projecto Pulmacure pretende que a utilização de medicamentos se dirija unicamente ao órgão a intervencionar, neste caso os pulmões. Para que o fármaco tenha maior efeito no combate ao cancro, o grupo de tecnólogos promove a veiculação de um fármaco a nível intracelular com supressão selectiva ou inibição do crescimento tumoral por diminuição da toxicidade do fármaco e, simultaneamente, aumentando o seu índice terapêutico. |
Pulmacure
Investigadoras: Mafalda Videira, Helena Ferrreira e Helena Marques.
Instituição de origem: Faculdade de Farmácia de Lisboa.
Investimento inicial necessário: cerca de 6 milhões de euros.
Disponibilização do produto no mercado: No prazo de de cinco anos.
Um dos grandes problemas apresentados pelos transplantes de fígado ou de outros órgãos é a necessidade de os doentes terem de tomar muitos medicamentos para evitar a rejeição do órgão. Estes medicamentos, de uma forma geral, apresentam efeitos secundários nocivos, que podem mesmo ameaçar a vida do transplantado. Desta forma, o projecto Acellera apresenta um medicamento baseado em células retiradas do doente. Estas células têm como característica principal o facto de se alojarem no fígado, evitando assim a rejeição do órgão após o transplante e evitando também que o medicamento afecte outros órgãos. Segundo o grupo que desenvolve o projecto, este medicamento fará poupar milhares de euros aos doentes todos os anos. |
Acellera
Investigadores: Luís Graça, Marta Monteiro, Frederico Ferreira e David Cristina.
Instituição de origem: Instituto de Medecina Molecular
Investimento inicial necessário: 1,5 milhões de euros.
Segunda fase de investimento: Entre 5 a 10 milhões de euros.
A Hasystim Tech trata-se de um projecto que pretende criar um equipamento que permitirá fabricar sistemas dispersos (como imulsões, geles, champôs e suspensões) com alta qualidade, à temperatura ambiente, sem ar no interior, com baixo consumo de energia e em processo contínuo. Trata-se de um equipamento que será utilizado para misturar líquidos imiscíveis, polímeros e pós insolúveis, reduzindo drasticamente o consumo de energia em cerca de 80% e o tempo de processo em 50%. O grupo de trabalho proveniente da Faculdade de Farmácia de Lisboa pretende colocar este equipamento no mercado com um preço semelhante à concorrência. |
Haysistem Tech
Investigadoras: Helena Margarida Ribeiro, Ana Salgado e Sara Raposo.
Instituição de origem: Faculdade de Farmácia de Lisboa.
Investimento global necessário: 550 mil euros.
Payback: 18 meses.
Vendas estimadas: 28 milhões de euros em cinco anos.
O grupo que desenvolve o projecto GyroDrone pretende construir um equipamento que monitorize redes eléctricas, oleodutos e gasodutos, através de um aparelho aéreo não tripulado, que permita efectuar vigilância, prevenção e monitorização em tempo real e a custos reduzidos. Este sistema permitirá a evitar possíveis perdas económicas e catástrofes naturais, detectando prematuramente a existência de fugas e prevenindo potenciais situações de roubo ou sabotagem. Este sistema apresenta ainda menos riscos para os técnicos que acompanham estas áreas. |
GyroDrone
Investigadores: Duarte Albuquerque, Rodrigo Taveira e Rui Barata.
Instituição de origem: Instituto Superior Técnico
Investimento inicial necessário: Cerca de 1,8 milhões de euros.
Período de lançamento no mercado: Por volta de 2012.
A indústria automóvel está a desenvolver veículos eléctricos a passos largos, sendo um dos problemas para entrada dos carros movidos a electricidade no mercado a falta de locais para carregar baterias. Com este intuito, o projecto Tree Charge decidiu apresentar um sistema de distribuição de energia eléctrica para o carregamento das baterias de veículos eléctricos. O projecto do grupo do Instituto Superior Técnico consiste na criação de uma rede de carregamento de baterias. A equipa do Tree Charge acredita que a sua forma de distribuir energia é uma boa alternativa para o mercado e espera agora conseguir seguir para a segunda fase do Cohitec, onde poderão estabelecer parcerias com algumas empresas de energia que permitam o desenvolvimento da ideia. |
Tree Charge
Investigadores: Artur Borges, João Raposo, José Borges, Manuel Nina e Emillie Gaudet.
Instituição de origem: Instituto Superior Técnico.
Investimento inicial necessário: 1,1 milhões de euros.
Volume de vendas: Ao quinto ano o grupo espera 49 milhões de euros.
A necessidade constante das empresas terem soluções informáticas e de "software" com custos mais baixos e com um rendimento mais elevado, levou Fernando J. Barros, do departamento de Informática da Universidade de Coimbra, a apresentar um projecto que tem por base a criação de uma plataforma para reutilização sistemática de "software". O projecto, o único apresentado por tecnólogos de Coimbra, sugere um sistema informático, denominado Soft-Use, que tem por objectivo aumentar a produtividade das empresas, através da reutilização sistemática de "software". A tecnologia Soft-Use apresenta assim uma nova plataforma, que vai criar um "software" em componentes independentes e reutilizáveis. Quando utilizado, o mentor deste projecto assegura que a tecnologia vai permitir a criação de "software" a um custo baixo e com um tempo de desenvolvimento muito reduzido. |
Soft-Use
Investigador: Fernando J. Barros.
Instituição de origem: Departamento de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra.
Investimento global no desenvolvimento de "software": 647 mil milhões de dólares.
Ganhos estimados com a reutilização: 13 mil milhões de euros.
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