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WS Energia Uma empresa a girar à volta do Sol

Dizem que a ideia não é inovadora: limitaram-se a melhorar aquilo que existia. Fazem painéis solares ladeados por espelhos. As torres da WS Energia estão espalhadas por Portugal e também já se encontram noutros mercados.

27 de Fevereiro de 2009 às 14:57

Uma torre, um painel solar e dois espelhos em forma de 'V' que rodam à procura do sol para captar energia. Foi este o produto que saiu das mãos de um português e de um italiano depois de terem recebido o desafio de criar uma ideia inovadora e rentável na área da energia fotovoltaica.

Perfil

Nome: João Wemans

Idade: 29 anos

Percurso: Fez carreira académica no Instituto Superior Técnico onde tirou o curso de Física. Fez investigação, tendo terminado o doutoramento na área de óptica há alguns meses. Da universidade saiu directamente para a sua empresa, a WS Energia, em 2006.

Hobbies: Gosta de futebol, mas é nas viagens que consegue desligar do negócio. Faz, pelo menos, duas viagens por ano, de avião, de carro ou, mesmo, de bicicleta. Numa das últimas idas à Europa de Leste foi de Praga a Budapeste de bicicleta.

Nome: João Wemans

Idade: 29 anos

Percurso: Fez carreira académica no Instituto Superior Técnico onde tirou o curso de Física. Fez investigação, tendo terminado o doutoramento na área de óptica há alguns meses. Da universidade saiu directamente para a sua empresa, a WS Energia, em 2006.

Hobbies: Gosta de futebol, mas é nas viagens que consegue desligar do negócio. Faz, pelo menos, duas viagens por ano, de avião, de carro ou, mesmo, de bicicleta. Numa das últimas idas à Europa de Leste foi de Praga a Budapeste de bicicleta.

O desafio veio de Itália, a terra natal de Gianfranco Sorasio, onde o mercado estava em forte expansão. Gianfranco foi ter com João Wemans - na altura estavam os dois a fazer investigação no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, o primeiro vindo de Itália para fazer o doutoramento no ISP - e disse-lhe que a solução tinha de passar por arranjar uma forma de aumentar a rendibilidade daquilo que já existia.

Não foi preciso muito tempo para que a ideia surgisse: colocar dois espelhos em forma de 'V' que reflectem a energia para um painel solar. Em três meses criaram o protótipo daquilo a que viriam a dar o nome de "Double Sun" e que, tecnicamente, é definido como um concentrador solar de alta tecnologia com seguimento solar a dois eixos. A rendibilidade, explicam, é 30 por cento superior a um painel convencional, o que acaba por compensar o facto de os seus equipamentos serem 20 por cento mais caros do que os equipamentos convencionais.

"É uma ideia muito básica", admite João Wemans. "Não inventámos nada, o que fizemos foi melhorar aquilo que já existia", explica o sócio da WS Energia. A ideia foi a de criar uma estrutura que captasse mais energia e que, por isso, oferecesse maior rendibilidade, mas a um preço razoável. E foi esta a parte do projecto que acabou por consumir mais tempo. Se, do desafio à criação da empresa, passou cerca de um ano, três meses foram gastos a desenvolver a ideia e os restantes nove meses para passar de uma ideia a um negócio. Foi preciso registar a patente, contactar fornecedores de áreas que não dominavam, como mecânica, estruturas e electrónica, e perceber a que custo poderiam vender o equipamento para que o investimento fosse compensador.

O dinheiro para tudo isto, explica João Wemans, veio "dos bolsos dos sócios". Investiram tempo e receberam algumas "ajudas". A Agência de Inovação através do programa Neotec disponibilizou 75 mil euros e o Prémio de Inovação do BES, que venceram em 2006, também deu um bom contributo. Não só monetário: "Foi um selo de qualidade importante", garante o jovem engenheiro. Da garagem, passaram para a incubadora de ideias do Tagus Park, onde hoje está instalada a empresa.

A WS Energia está a crescer. Tem 100 clientes, cerca de 70 em Portugal e os restantes no estrangeiro (Espanha, Itália e Estados Unidos) e já criou duas "joint ventures" com empresas americanas - uma para construir os painéis na Califórnia e outra para investir dinheiro americano em Espanha. Em 2008 facturaram 1,3 milhões de euros e para 2009 o objectivo é atingir os cinco milhões de euros. Angola e Moçambique estão agora na mira da empresa.

A ideia do "Double Sun" provou ser rentável, mas as baterias da empresa estão já focadas num outro patamar: o "H-Sun". Se o primeiro consiste em aumentar a eficiência daquilo que já existia, o segundo vai alterar as bases da tecnologia. Mas sobre o novo produto, João Wemans não desvenda muito. "Estamos a preparar-nos para quando a microgeração ficar menos interessante", explica o fundador da WS Energia. Em 2011 ou 2012, promete a empresa, o sol vai estar a apontar para uma estrutura completamente nova.

Especialista do laser a ganhar dinheiro com o sol

Engenheiro da área de Física, a fazer o doutoramento em óptica, mas na perspectiva do "laser" e não do sol, João Wemans não era um grande perito em energia fotovoltaica quando recebeu o desafio de Gianfranco Sorasio para criar um produto inovador nesta área.

Hoje, aos 29 anos, é sócio da WS Energia - empresa cujo nome junta a inicial do seu sobrenome à do sócio Sorasio - e diz que nunca lhe passou pela cabeça vender a ideia a um grande grupo, como muitos o aconselharam a fazer na altura em que criaram o "Double Sun". A ideia foi sempre a de criar um negócio, mesmo sem nunca ter trabalhado numa empresa. Acabou o curso de Física no Instituto Superior Técnico, começou a fazer investigação e a preparar o doutoramento e saltou daí para a WS Energia. "Fazia aquilo que gostava e para sair tinha de ser para um desafio novo", justifica.

O desafio era criar uma empresa, mesmo contra as opiniões daqueles que alertavam para o facto de ele não perceber nada de gestão. Investiu muito tempo da sua vida no negócio e assegura que não está arrependido. Por isso, confessa que não lhe sobra muito tempo para os "hobbies". Gosta muito de futebol, mas só consegue mesmo desligar quando está a viajar, o seu passatempo preferido.

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