ASML tranquiliza receios sobre "boom" da IA com previsões de receitas acima do esperado
A empresa neerlandesa adotou um tom mais positivo relativo às vendas para o próximo ano, apesar de ter deixado um alerta sobre uma potencial quebra no mercado chinês. Ações aceleram 4,5%.

A empresa neerlandesa ASML, a maior produtora mundial de máquinas litográficas para a produção de chips, anunciou receitas de 7,51 mil milhões de euros e lucros de 2,12 mil milhões de euros no terceiro trimestre. Mas foram os valores das encomendas durante este período – 5,4 mil milhões de euros – que superaram as expectativas dos analistas, que apontavam para encomendas na ordem dos 4,9 mil milhões de euros.
"Continuamos a ver um momento positivo em torno dos investimentos em inteligência artificial e também vimos isso a alargar para um maior número de clientes", sublinhou Christophe Fouquet, presidente executivo da ASML e que é atualmente a maior empresa europeia em capitalização de mercado.
Na manhã desta quarta-feira, as ações da tecnológica sobem 4,50%, para os 884,50 euros por ação, como reação à apresentação dos resultados e também relativamente às perspetivas futuras da empresa. Para o quarto trimestre deste ano, a tecnológica projeta receitas entre 9,2 e 9,8 mil milhões de euros. As receitas anuais deverão crescer 15% em comparação com o ano passado, segundo o "guidance" da ASML.
Mas são os valores relativos a 2026 que têm estado a animar os investidores e os mercados. Depois de no segundo trimestre do ano a empresa ter acenado com uma possível quebra nas vendas em 2026, dizendo que não conseguia confirmar um crescimento nesse período, como resultado das tensões geopolíticas e das restrições impostas pelos EUA à China na área dos chips, a ASML reviu essas perspetivas.
"Para 2026 esperamos que as nossas vendas não sejam inferiores às de 2025", garantiu o CEO. Há, no entanto, um aviso claro. O negócio na China vai ser "significativamente mais baixo", de acordo Christophe Fouquet, mas a tecnológica dos Países Baixos espera que a entrada de novos clientes compense as perdas registadas no mercado asiático. A China representou 42% das vendas no terceiro trimestre.
"É uma previsão cautelosa, mas que o precisa de ser pois a empresa prevê que as vendas na China baixem significativamente em 2026", comentou Michael Roeg, analista da casa de investimento Degroof Petercam, citado pela agência de notícias financeiras Bloomberg.
A ASML reafirmou ainda o objetivo de gerar receitas anuais na ordem dos 60 mil milhões de euros em 2030, um salto significativo quando comparado com os 28 mil milhões de euros de receitas registados em 2024.
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