Zuckerberg vai prestar contas ao Parlamento Europeu
Mark Zuckerberg deverá responder às questões dos eurodeputados na próxima semana. Em cima da mesa vão estar os problemas de privacidade no Facebook. O encontro não será público.
Mark Zuckerberg aceitou o convite dos eurodeputados para prestar contas sobre o caso da Cambridge Analytica. De acordo com uma nota de Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu, o líder do Facebook deverá estar em Bruxelas "o mais rapidamente possível", indicando a próxima semana como uma data provável. A audição acontecerá na Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos (LIBE).
"O fundador e CEO do Facebook aceitou o nosso convite e estará em Bruxelas o mais rapidamente possível, em princípio já na próxima semana, para se encontrar com os líderes dos grupos políticos, o presidente e o "rapporteur" (uma espécie de relator) da comissão LIBE", adianta Antonio Tajani no comunicado revelado esta quarta-feira. O objectivo do encontro é "clarificar assuntos relacionados com o uso de dados pessoais".
Para o presidente do Parlamento Europeu "os cidadãos [europeus] merecem uma total e detalhada explicação". Questionado pelo Negócios, fonte oficial do gabinete de Antonio Tajani disse que o encontro será privado, no mesmo formato da conferência de líderes do Parlamento Europeu, seguida de uma conferência de imprensa. Contudo, a mesma fonte adiantou que vão haver mais encontros com o Facebook, nomeadamente audições com outros membros da empresa, mas provavelmente sem Zuckerberg.
Na nota de imprensa, Tajani elogia a decisão de Zuckerberg que, no início de Abril, esteve no Senado e Congresso norte-americano por causa do escândalo da Cambridge Analytica. Inicialmente, o CEO do Facebook tinha remetido o convite para o responsável pela estratégia de comunicação empresarial e internacional, Joel Kaplan. Contudo, no final de Abril, o Politico já adiantava que o Facebook estava a negociar as condições da vinda a Bruxelas.
Além da audição de Zuckerberg, o Parlamento Europeu adianta que vai organizar uma audição conjunta com o Facebook e outras partes interessadas para fazer uma análise aprofundada dos aspectos relacionados com a protecção de dados pessoais. Um dos temas em destaque será o "potencial impacto nos processos eleitorais na Europa".
"A prioridade do Parlamento Europeu é assegurar um funcionamento correcto do mercado digital, com um grau elevado de protecção dos dados pessoais, regras eficazes sobre os direitos de autor e a protecção dos direitos dos consumidores", lê-se ainda na nota. Para Tajani "as gigantes da web têm de ser responsabilizadas pelo conteúdo que publicam, incluindo as notícias descaradamente falsas e conteúdo ilegal".
Ainda esta quarta-feira de manhã a presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados, Filipa Calvão, revelou que a Cambridge Analytica deverá ter utilizado dados de 67 mil portugueses. Um número alcançado apenas com a instalação da aplicação por parte de 15 utilizadores nacionais.
Já na terça-feira, o Facebook tinha anunciado que suspendeu cerca de 200 aplicações que tenham tido acesso a "grandes quantidades de informação" dos utilizadores da rede social.
(Notícia actualizada com mais informação às 17h04)
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