Operadores de telecom alinham acordos à espera de alívio das regras europeias
Os operadores estão confiantes que o relatório Draghi vai levar a mudanças dentro da Comissão Europeia, que poderá estar mais predisposta a autorizar fusões e aquisições.
Os grupos europeus do setor das telecomunicações estão a alinhar acordos de fusões à espera de um alívio, ou maior flexibilidade, das regras da Comissão Europeia.
Estes grupos estão a depositar esperanças na nova vice-presidente para a Concorrência, Teresa Ribera. Há anos que Bruxelas se mostra reticente em relações a fusões e aquisições no setor das telecomunicações, indicando o risco de preços mais elevados e serviço de pior qualidade para os consumidores.
De acordo com o Financial Times, a norueguesa Telenor está a explorar aquisições, enquanto a Telefónica está disponível para analisar fusões em Espanha, Alemanha e Reino Unido, países onde tem participações em operadores.
O setor argumenta que existe demasiada fragmentação no mercado e que a escabilidade do negócio depende das fusões e aquisições. O mercado europeu possui 41 operadoras principais com mais de 500 mil clientes, o que, consideram, dificulta a capacidade de investimento em infraestrutura e tecnologia.
A associação mundial dos operadores de telecomunicações (GSMA) já tinha atacado as regras apertadas de Bruxelas, vincando que o excesso de regulação no bloco europeu é um travão ao progresso do setor.
Os principais operadores do mercado estão a apostar no relatório Draghi como base de incentivo para mudanças. As empresas consideram que o relatório faz recomendações para incentivar o crescimento do mercado e a competitividade com os Estados Unidos e China, nomeadamente apostando numa maior abertura a fusões.
O responsável do instituto Connect Europe, Alessandro Gropelli, considera que os decisores europeus estão "atentos" para a necessidade de uma consolidação no setor. Gropelli indicou ao Financial Times que o investimento "per capita" das operadoras na Europa foi de 117,90 euros em 2023, um valor que compara com os 226,4 euros nos Estados Unidos, onde existem três principais "players".
Em território nacional, a Nowo foi o último exemplo de uma aquisição, por parte da Digi, que entrou no mercado português. Em 2022 a Vodafone tinha fechado um acordo para comprar a Nowo, mas a Autoridade da Concorrência proibiu ao citar prejudício para a concorrência (outros operadores) e para os consumidores.
Atualmente, Portugal dispõe de quatro principais "players" no mercado das telecomunicações, num mercado com 10 milhões de habitantes. Em Espanha, por exemplo, existem seis operadores para 48 milhões de habitantes.
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