Comboio Celta entre Porto e Vigo será retomado em dezembro após acusações de “traição” e “má gestão”

A 12 de agosto passado, as alterações ao serviço do Comboio Celta, que faz a ligação ferroviária direta entre Porto e Vigo mas que passou a obrigar a transbordo em Viana do Castelo, foram classificadas como “traição” e “má gestão” pelo Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organização que reúne 38 autarquias do Norte de Porto e da Galiza.

Um mês depois, o Eixo Atlântico revela, em comunicado, que “na sequência das diligências do seu presidente Luís Nobre com a Comboios de Portugal (CP), e na sequência de conversações telefónicas com o presidente da empresa ferroviária, Pedro Moreira, foi confirmado que o serviço internacional do Comboio Celta entre Porto e Vigo será retomado em dezembro de 2025, sem necessidade de transbordo em Viana do Castelo”.

E “para maior acompanhamento desta gestão", revela a mensagem enviada por Whatsapp pelo presidente da CP a Luís Nobre, presidente da Câmara de Viana do Castelo e do Eixo Atlântico, confirmando a retoma do serviço:

“Caro Luís Nobre, bom dia!

Peço desculpa por só agora estar a responder à sua mensagem.

A alteração que já comunicámos para as ligações internacionais Porto - Vigo resultam da conjugação do atraso nas obras de eletrificação da linha do Algarve com a redução do número de automotoras da série 592, que são alugadas à RENFE e que gradualmente estão a atingir o limite de utilização contratual.

As ligações continuam a ser asseguradas, com automotoras elétricas da série 2240 entre Porto e Viana do Castelo e com automotoras diesel da série 592 entre Viana do Castelo e Vigo.

Esta solução permite manter todos os serviços comerciais, sem necessidade de qualquer supressão e é temporária. A meados de Dezembro, quando é previsível a ativação da catenária na linha do Algarve, será possível libertar automotoras diesel, que serão transferidas para o Norte e permitirão que as ligações internacionais voltem a ser realizadas nos moldes atuais.

Estou ao dispor para qualquer esclarecimento adicional.”

Entretanto, o Eixo Atlântico, no contexto de melhorar a conectividade ferroviária entre a Galiza e Portugal, “apoia a proposta de gestão do serviço através de uma empresa mista em substituição da Renfe e a CP, que utilize comboios de dupla tensão e permita ampliar a ligação até à Corunha, promovendo assim um serviço com o Porto”, preconiza.

Da mesma forma, o Eixo Atlântico “não descarta a possibilidade de, se o serviço não melhorar, contactar operadores privados para avaliar o seu interesse em prestar serviço nesta linha, conforme solicitado anteriormente pela Avanza”, avisa a organização liderada por Nobre, explicando que “este pedido foi inicialmente aprovado, mas ficou sem efeito devido à reestruturação da Avanza na Península Ibérica”.