Air France-KLM espera por TAP, enquanto aguarda avanços na Air Europa
O CEO da Air France-KLM admite que está em negociações com a família que detém a Air Europa, mas ainda não há novidades. Apesar de ter este negócio na calha, Ben Smith diz manter o interesse na TAP.
O grupo Air France-KLM não tem novidades das companhias aéreas que deseja comprar. O CEO do grupo de aviação, Ben Smith, admitiu que está a aguardar novidades da Península Ibérica para decidir qual o próximo passo do grupo.
"Estamos em negociações com a família que detém a Air Europa há vários meses, mas ainda não temos novidades", disse Ben Smith. A Air France-KLM terá oferecido 300 milhões de euros por uma participação de 51% na espanhola Air Europa, disponibilizando-se a assumir a dívida.
A decisão caberá família que detém o grupo Globalia, os Hidalgo. Em 2024, a família Hidalgo teve de injetar 65 milhões de euros na Air Europa para evitar a insolvência da companhia.
Sobre a TAP, o CEO do grupo pouco adiantou, admitindo ser necessário aguardar pelas eleições de 18 de maio. "Também não temos novidades da TAP. O processo [de privatização] ainda não começou", disse.
"Dependendo das regras definidas, vamos avaliar o interesse", reiterou Ben Smith. A dúvida do líder da Air France-KLM prende-se pelo facto de não ser conhecida qualquer novidade em relação ao processo, que está atualmente em "standby", embora estivesse tudo programado para arrancar em março.
O Governo português deixou claro que não iria avançar com o processo de privatização enquanto estivesse em gestão. No entanto, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que o gabinete estava a deixar a pasta pronta para o próximo Executivo ter bases para dar andamento ao processo.
Ainda é necessário conhecer os resultados dos dois relatórios independentes do Banco Finantia e da consultora EY sobre o valor da companhia aérea portuguesa, para depois definir os valores que deve negociar e a percentagem que pretende privatizar.
O CEO do grupo franco-neerlandes já tinha vincado o interesse em março deste ano, depois de ser conhecido que os portugueses teriam de se deslocar novamente às urnas. Na altura, aquando da apresentação dos resultados anuais, Ben Smith afirmou que a Air France-KLM tinha dado garantias ao Governo português de ter condições para corresponder o que era pretendido para a TAP.
Negócios podem enfrentar remédios em Bruxelas
A TAP e a Air Europa têm dois potenciais compradores em comum: Air France-KLM e Lufthansa, sendo que a IAG está a vender a sua participação na companhia espanhola. Qualquer uma que ganhe a corrida pode vir a enfrentar um aviso de Bruxelas, que pode aplicar remédios mais fortes no momento de avaliar a venda.
Tudo indica que a família Hidalgo, por já ter as propostas em sua posse, tenha uma decisão mais célere, enquanto a TAP está dependente das eleições, da formação do Governo, retoma dos trabalhos, conclusões dos relatórios independentes e da avaliação final, além de ainda ter de reunir as propostas.
Todas as operações de compra das companhias aéreas têm de passar, de forma obrigatória, pelo crivo da autoridade europeia da concorrência. A razão prende-se pelo facto de existirem sobreposições entre as ligações aéreas, o que levanta dúvidas em relação à livre concorrência.
Ao Negócios, o diretor da Skyexpert, Pedro Castro, já tinha avisado que a Air Europa e a TAP são parecidas "em termos de dimensão e modelo de negócio", o que também pode limitar as possibilidades de investimento.
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