pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

José Mendes: Descarbonizar as frotas custaria menos de 100 milhões por ano

José Mendes, CEO da Fundação Mestre Casais, defendeu esta quinta-feira que Portugal tem de descarbonizar completamente a frota de autocarros no prazo de 14 anos. Um investimento que obrigaria a compensar os operadores, mas "por menos de 100 milhões por ano seria possível limpar as nossas cidades".

Secretário de Estado do Planeamento, José Gomes Mendes
Secretário de Estado do Planeamento, José Gomes Mendes Pedro Catarino
02 de Junho de 2022 às 15:16

Com menos de 100 milhões de euros por ano, num período de 10 a 14 anos, Portugal poderia descarbonizar 100% da frota de transporte público de passageiros urbano, o que iria "significar limpar as nossas cidades", afirmou esta quinta-feira José Gomes Mendes, CEO da Fundação Mestre Casais.

Na apresentação de um estudo realizado sobre a renovação integral da frota de autocarros, durante o seminário sobre transporte rodoviário organizado pela Transportes & Negócios, o ex-secretário de Estado defendeu que o país devia "descarbonizar completamente a frota de autocarros no prazo de 14 anos".

Hoje, essa frota é composta por 5.633 veículos, com uma idade média de 16-17 anos, sendo a maior parte a diesel.

Para descarbonizar totalmente essa frota até 2034, José Mendes defendeu que se devia "começar imediatamente a cortar ao nível dos autocarros mais velhos e não permitir que tivessem mais de 21 anos", subsitituindo-os por veículos elétricos a hidrogénio.

"A idade média que hoje está nos 16-17 anos iria cair até cerca de quatro anos e meio, em média, até 2027, chegando a 2034 nos 10 anos de idade. 

Com essa substituição gradual, "no final do processo teríamos 4.675 autocarros elétricos a bateria e 958 autocarros elétricos a hidrogénio", disse.

O investimento total para esta substituição, segundo o estudo que apresentou, é de 2,6 mil milhões de euros, sendo que descontando metade desse valor que seria o custo de fazer a substituição normal por veículos a gás que os operadores teriam de fazer, o custo seria da ordem dos 1,3 mil milhões de euros em 14 anos.

"Com esta trajetória ao fim de 5 anos as emissões de CO2 nos autocarros seriam reduzidas em 87% e ao fim de 14 anos seriam  zero", salientou.

Por outro lado, ao longo deste processo de substituição da frota, "evitaríamos 2.900 milhões de quilómetros percorridos com combustível fóssil" e com isso "evitaríamos 4 milhões de toneladas de CO2 nestes 14 anos", o que tendo em conta o valor das licenças representaria evitar 417 milhões de euros, estimou.

O responsável da Fundação Mestre Casais salientou ainda que este processo de descarbonização das frotas só seria possível com duas coisas: serem proibidas novas aquisições de veículos a combustível fóssil e haver uma compensação aos operadores.

Pelas contas que apresentou, "se apoiarmos 65% daquele valor são 670 milhões de euros, o que em 14 anos dá pouco mais de 60 milhões por ano. Se em vez de 65% apoiarmos com 85%, no prazo de 10 a 14 anos são menos de 100 milhões de euros por ano. É  absolutamente suportável pelo Estado", afirmou José Mendes, lembrando que existem verbas do que resta do Portugal 2020, do futuro Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência.

"Há muito dinheiro público e menos de 100 milhões de euros por ano num período de 10 anos para descarbonizar 100% das nossas frotas de transporte público significa limpar as nossas cidades e ter veículos melhores, mais silenciosos e menos poluentes. Nnão é um custo que o país não possa suportar", disse.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio