Moedas não reconduz administração da Carris
Fonte próxima do autarca Carlos Moedas confirma saída de Pedro Bogas e da equipa de gestão da empresa, na sequência das "graves" falhas técnicas apontadas no relatório preliminar ao acidente com o Elevador da Glória

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O presidente da Câmara de Lisboa decidiu não reconduzir a administração da Carris, liderada por Pedro Bogas, na sequência das falhas graves apontadas no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) sobre o acidente com o Elevador da Glória.
Segundo relevou fonte próxima de Carlos Moedas ao Negócios, “o presidente da câmara municipal considera bastante graves o conjunto de falhas técnicas detetadas ao longo de várias anos e processos que envolvem, essencialmente, as duas últimas administrações".
A mesma fonte adianta que "perante essas conclusões, naturalmente, o presidente da Câmara de Lisboa não irá reconduzir a atual administração da Carris e assume a preocupação de querer recuperar o mais depressa possível a confiança e credibilidade da empresa”.
O mandato da administração da Carris "é coincidente com o dos titulares dos órgãos autárquicos do município de Lisboa, sem prejuízo da cessação antecipada por dissolução, demissão ou renúncia e da continuidade de funções até à sua efetiva substituição", de acordo com os estatutos da empresa. Pelo que a saída de Pedro Bogas e da equipa ocorre na sequência também das eleições autárquicas do último dia 12 de outubro.
O que diz o relatório preliminar?
A investigação ao acidente do elevador da Glória, em Lisboa, detetou falhas e omissões na manutenção do ascensor, apontando também a falta de formação dos funcionários e de supervisão dos trabalhos efetuados pela empresa prestadora do serviço, segundo o relatório preliminar do (GPIAAF) citado pela Lusa.
O acidente com o elevador da Glória, ocorrido a 3 de setembro, causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Os técnicos relataram também que as inspeções previstas para o dia do acidente “estão registadas como executadas, embora detenha evidências de que não foram feitas no período horário indicado na correspondente folha de registo”.
“Durante o período de operação do ascensor por várias vezes um trabalhador do prestador de serviços observou os veículos e falou com os guarda-freios”, refere a investigação, dando conta da existência de um plano de manutenção diária, semanal, mensal e semestral.
Mais, segundo os investigadores, “embora as ações de manutenção contratualmente previstas e planeadas estivessem a ser registadas como cumpridas em sistema de registo próprio, ao qual a Carris tem acesso direto, foram recolhidas evidências de que tal registo não corresponde às tarefas que efetivamente foram executadas”.
“Há evidência de execução de tarefas críticas de forma não padronizada com parâmetros de execução e validação díspares”, lê-se no relatório preliminar.
Outro fator relevante na investigação levada a cabo pelo GPIAAF prende-se com o facto de o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória - e que cedeu no seu ponto de fixação da carruagem que descarrilou - não respeitar as especificações da Carris, nem estava certificado para uso em transporte de pessoas.
Segundo o documento, citado pela Lusa, “o cabo instalado não estava conforme com a especificação” da Carris para utilização no ascensor da Glória, nem “estava certificado para utilização em instalações para o transporte de pessoas”.
Em comunicado emitido logo após as conclusões preliminares do relatório terem sido tornadas públicas, a Carris admitia que a empresa que contratou para fazer a manutenção do ascensor “poderá não ter cumprido devidamente o contrato” e explicou ter já demitido o diretor de manutenção da empresa.
(Notícia em atualizada às 20h15 com mais informação)
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