Presença portuguesa multiplicou-se na última década

Jerónimo Martins e BCP são quem leva mais experiência de Polónia. Muitas das empresas portuguesas naquele mercado ainda estão a dar os primeiros passos
Miguel Prado 14 de Outubro de 2010 às 17:31

A história da presença portuguesa na Polónia deve muito a grupos como a Jerónimo Martins e Millennium BCP, mas a aceleração veio somente depois do ano 2000. Em 2001, após dois anos de estudo do mercado, a construtora MSF entrava na Polónia. Em 2002 era a vez da Colep. No ano seguinte dois grupos industriais portugueses fariam a sua aposta na Polónia: Martifer e Simoldes. A estas juntar-se-iam depois a Mota-Engil e BES Investimento.

O BCP entrou na Polónia em 1998, com uma "joint venture" com o Bank Millennium, que viria a resultar na tomada da maioria do capital por parte do banco português. João Brás Jorge, falando no Business Roundtable que o Negócios promoveu na semana passada, afirmou que "quando uma economia está dinâmica, como a polaca, e alimentada pelo consumo interno, qualquer empresa de qualquer ramo pode ser bem sucedida, desde que seja boa na sua actividade, dotada de capitais e leve as melhores pessoas".

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Iwona Chojnowska-Haponik, directora da agência polaca para o investimento estrangeiro, disse ao Negócios que nos contactos com a câmara de comércio luso-polaca foram identificadas oportunidades de negócio para as empresas portuguesas nas áreas de energias renováveis, maquinaria, serviços financeiros, mobiliário, retalho e tecnologias de informação.

Hoje são várias as empresas com projectos relevantes em curso na Polónia. A Martifer ganhou este ano uma encomenda de 11 milhões de euros em Gdansk, para o estádio Baltic Arena, e um outro projecto de 42,1 milhões de zloty (10,5 milhões de euros à cotação actual) em Koszalin.

A EDP Renováveis, por seu turno, já tem um parque instalado em Margonin, com 120 megawatts (MW) de potência. Embora não tenha actualmente nova capacidade em construção, a empresa liderada por Ana Maria Fernandes tem no seu "pipeline" uma carteira de projectos possíveis de 1.466 MW para este país, o que faz da Polónia o quarto mercado, dos 11 onde a EDP Renováveis já está, com maiores perspectivas de crescimento.

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A Mota-Engil é outro grupo português que está activo em terras polacas. Em Junho último comprou, por cerca de 6 milhões de euros, a empresa local PRDM Lublin, que no ano passado facturou 23 milhões de euros. No primeiro semestre as operações da Mota-Engil na Polónia saldaram-se ainda na adjudicação de um conjunto de obras no valor de 84 milhões de euros.

"O mercado polaco é exigente"

Mesmo com o crescente leque de negócios que as empresas portuguesas, grandes e pequenas, têm vindo a conquistar na Polónia, o mercado não deixa de oferecer alguma resistência. Quem deixou o aviso foi o secretário de Estado do Comércio, Fernando Serrasqueiro. "As empresas portuguesas que tencionam criar estruturas no mercado polaco não devem pensar que isso lhes vai resolver problemas financeiros que têm no mercado português. O mercado polaco é muito exigente", sublinhou o governante português no "Business Roundtable" sobre a Polónia.

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Ainda assim, aponta Fernando Serrasqueiro, "a Polónia é um país cada vez mais internacionalizado, com oportunidades crescentes". O secretário de Estado do Comércio vê "interessantes possibilidades de investimento português nas energias renováveis". Mas também os avanços portugueses no sector de transportes poderão ser replicados lá fora, porque, segundo Fernando Serrasqueiro, "a mobilidade eléctrica é interessante para a Polónia".

Algumas das grandes opções do Governo daquele país poderão ser aproveitadas pelos portugueses. Seja a privatização de centenas de empresas do Estado, seja o desenvolvimento de infra-estruturas de apoio ao campeonato europeu de futebol que em 2012 será organizado conjuntamente pela Polónia e pela Ucrânia. Reciclagem, resíduos, parques de estacionamento, "software", projectos rodoviários e ferroviários e modernização de aeroportos são outros negócios onde os investidores portugueses poderão tentar entrar.

Para a Jerónimo Martins a Polónia já representa mais de metade dos negócios do grupo. Uma trajectória iniciada em 1995 com a compra da Biedronka. E quem diria que 15 anos depois essa joaninha luso-polaca seria dona de 1.560 supermercados, almejando agora chegar às 3 mil lojas?

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