OPA à Martifer: Visabeira e Mota-Engil ficam com 37,5% cada e irmãos Martins com 25%

O anúncio da oferta pública de aquisição foi comunicado na madrugada desta quarta-feira, na sequência da celebração de um acordo parassocial tripartido que depende ainda da aprovação da Concorrência.
Pedro Duarte, CEO da Martifer
Rui Neves e Maria João Babo 06 de Agosto de 2025 às 10:54

A Visabeira Indústria, a I´M, dos irmãos Martins e a Mota-Engil assinaram esta terça-feira um acordo de acionistas e um acordo parassocial tripartido na Martifer que obrigou ao lançamento de uma  oferta pública geral e obrigatória de aquisição (OPA) pelo facto de, havendo um controlo conjunto, ultrapassarem os 50% (controlam 87,4% dos direitos de voto).

No âmbito deste acordo tripartido, a Visabeira Indústria ficará com 37,5% da empresa, a Mota-Engil mantém os seus 37,5% e a holding dos irmãos Carlos e Jorge Martins descem a sua participação para 25%, sabe o Negócios.

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O lançamento da OPA é encabeçado pela Visabeira por ser, das três, a única que atualmente não tem ações na Martifer, já que atualmente a Mota-Engil possui 37,5% e a holding dos irmãos Martins 48%.

No anúncio preliminar do lançamento da oferta é referido que está é, entre outros, "consequência de a oferente ter celebrado na presente data um acordo de acionistas com a I’M e a Mota-Engl em relação aos termos e condições que deverão regular as respetivas relações enquanto acionistas da Sociedade Visada (“Acordo Parassocial Tripartido”), cuja produção de efeitos se encontra sujeita à obtenção das aprovações e/ou não oposição, sem compromissos, da(s) autoridade(s) da concorrência exigíveis."

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A contrapartida proposta pela Visabeira é de 2,057 euros por ação. No comunicado enviado à CMVM na madrugada desta quarta-feira, a Visabeira informa que a contrapartida corresponde a 1,60 euros, “acrescido de um montante igual ao do dividendo distribuído pela Sociedade relativamente ao exercício de 2025, considerando-se como lucro distribuído a parcela do mesmo que não possa sê-lo em virtude de limitações contratuais decorrentes dos financiamentos bancários da Sociedade”.

No início de outubro do ano passado, o grupo de Viseu anunciou um acordo para comprar 24% da Martifer à holding dos irmãos Martins, desfazendo o “casamento” de 18 anos com a Mota-Engil, que controla 37,5% da empresa. Na altura, a I'M SGPS indicou ter estabelecido um acordo parassocial com a Visabeira, tendo a operação ficado condicionada a que nenhuma das partes incorresse no dever de lançamento de uma OPA obrigatória.

Em junho passado a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu que a entrada da Visabeira no capital da Martifer não estava sujeita à obrigação de lançamento de uma OPA ao concluir que a Visabeira demonstrou não poder exercer influência dominante sobre a Martifer já que “as cláusulas contratuais relativas ao exercício dos direitos de voto preveem expressamente que os mesmos deverão ser exercidos no sentido da posição determinada pela I´M".

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Este negócio acabou por não ser concretizado com a sua substituição pelo acordo agora celebrado pelos três grupos – I’M, Visabeira e Mota-Engil – que obrigou ao lançamento da OPA sobre o "free float" da Martifer que representa 12,6%.

Se o resultado da OPA chegar aos 90% dos direitos de voto da Martifer, "a oferente exercerá o direito de aquisição potestativa (...), o que resultará na exclusão das ações da admissão à negociação no mercado regulamentado com efeitos imediatos", é dito do anúncio preliminar. 

(Notícia atualizada às 11:22 horas com mais informação)

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